Nós já começamos a falar, aqui no blog, sobre a relação entre o uso de óculos e a progressão do grau da visão. Neste post, vamos explorar ainda mais esse assunto, para tirar todas as suas dúvidas sobre ele. Boa leitura!
Quando olhamos para o pôr do sol, ou para um pequeno inseto sobre uma folha, não nos damos conta da física que está envolvida nesse ato. Para que consigamos enxergar, existe todo um jogo de lentes que acontece dentro do nosso corpo.
A córnea e o cristalino são duas lentes que projetam a luz para dentro de nossos olhos. Elas dirigem essa luz para a retina, uma espécie de “tela” onde a imagem é formada.
De lá, sinais neurais são enviados para o cérebro, que interpreta a imagem. O resultado desse complexo processo é o que nós chamamos de “visão”.
Os principais problemas de visão e os óculos
Em um olho normal, a córnea e o cristalino projetam a luz exatamente sobre a retina, fazendo a imagem se formar corretamente. O nome dessa condição é “emetropia” — quando está tudo certo com o seu olho.
Quando isso não acontece, temos as chamadas “ametropias”: miopia, hipermetropia e astigmatismo. Elas não chegam a ser consideradas doenças, mas são defeitos que atrapalham uma visão perfeita.
Miopia
Quem tem miopia, geralmente, tem o globo ocular maior que o normal. Assim, a córnea e o cristalino fazem o foco das imagens ser formado antes da retina. Isso faz com que o paciente tenha dificuldades para enxergar de longe.
Esse problema costuma manifestar-se ainda na infância, ou na segunda década de vida. Ele evolui progressivamente, até o paciente atingir mais ou menos os vinte anos de idade.
Um estudo realizado na Malásia mostrou a importância dos óculos corretos para pacientes com miopia.
Noventa e quatro crianças míopes foram divididas em dois grupos. O primeiro recebeu óculos com o grau de visão correto para o seu caso. O outro recebeu óculos com um grau um pouco abaixo do ideal.
O que a pesquisa revelou foi que as crianças que usaram óculos mais fracos tiveram uma maior evolução de sua miopia. Nenhum estudo comprovou se há diferença entre usar um óculos fraco e não usar óculos.
Em adultos míopes, não há nenhuma pesquisa que aponte relação entre o uso incorreto dos óculos e o aumento do grau. Mas a pessoa pode ter outros problemas, como dores de cabeça e olhos ressecados.
Hipermetropia
Nos olhos de quem sofre de hipermetropia, as imagens são formadas depois da retina. O resultado é uma dificuldade para enxergar objetos que estão perto dos olhos, o que afeta muito a leitura, por exemplo.
Costumava-se acreditar que, forçando a visão do paciente, seu grau pudesse diminuir. No entanto, nenhuma pesquisa comprovou a relação entre o uso das lentes corretivas e a regressão do defeito.
Ou seja, deixar de usar os óculos, nesse caso, não aumenta o grau da visão. Mas, como no caso dos míopes, pode causar desconfortos.
Astigmatismo
Os olhos de quem tem astigmatismo possuem córneas com uma pequena deformidade. Isso faz com que a luz seja direcionada para diferentes pontos da retina. O resultado, na visão, são imagens sem contornos bem definidos e, em algumas vezes, o paciente enxerga tudo dobrado.
O uso dos óculos — ou o ato de deixar de usá-los — não mudará a estrutura dos olhos nem da córnea. Por isso, o paciente que tem astigmatismo não tem um aumento no grau da visão se não usá-los.
O que pode acontecer, no entanto, é a pessoa perceber com mais clareza a necessidade da correção quando começa a usar os óculos. Quando está sem eles, percebe como sua visão é melhor com a correção e o quanto é mais cômodo usá-los.
Isso pode dar uma falsa sensação de que a visão está piorando sem as lentes, mas isso é um efeito puramente psicológico.
Correção do grau da visão em crianças
Os problemas de visão merecem uma atenção especial quando os pacientes são crianças, já que todo o organismo da criança está em constante desenvolvimento.
Os olhos precisam “aprender” a enxergar. Crianças com problemas de visão necessitam de óculos corretos para que sua retina saiba o que é uma imagem nítida.
Sem essa correção, a criança corre o risco de desenvolver o chamado “olho preguiçoso”. Também aumentam os riscos de desenvolver estrabismo, e o aprendizado pode ser comprometido.
Óculos “piratas” ou mal colocados
Se você está usando corretamente seus óculos, mas ainda sente desconfortos, o problema pode estar justamente nos óculos.
Com certeza, você já viu óculos de leitura sendo vendidos fora de óticas. Bancas de jornais, livrarias e até camelôs vendem óculos a um preço bem acessível.
Mas, nesses casos, o barato pode sair bem caro — e quem paga o preço é a saúde dos seus olhos.
Além do grau em si, um bom par de óculos precisa respeitar também a distância que há entre o nariz e o centro dos olhos. Essa distância varia de pessoa para pessoa, e é fundamental para a formação correta das imagens.
Quando a distância naso-pupilar dos óculos está errada, você pode sentir os mesmos desconfortos de quando não está usando óculos. Dores de cabeça, lacrimejamento, olhos ressecados, ardência, visão turva e tonturas são alguns deles.
Além disso, a melhor pessoa para avaliar sua visão e prescrever o tratamento correto é o seu oftalmologista. Comprando um óculos falsificado, você resolverá o problema momentaneamente, mas perderá a chance de visitar seu médico e ver como está a saúde dos seus olhos.
“Uma pessoa com 40 anos de idade que começa a ter dificuldade de leitura e que compra um par de óculos no camelô para melhorar a visão de perto deixa de fazer o exame de fundo de olho, capaz de diagnosticar um glaucoma”, comentou Milton Ruiz Alves, presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, em uma matéria do Bem Estar.
Óculos escuros
Mesmo não tendo grau, os óculos escuros “piratas” também podem fazer muito mal aos olhos. Eles dilatam as pupilas e, sem os filtros adequados, deixam uma quantidade maior de raios UVA e UVB penetrarem nos olhos.
O resultado pode envolver doenças como catarata, inflamação e descamação da córnea.