Visão turva: quando a catarata pode ser a causa e como resolver

Imagem close-up de um olho humano. O olho está em foco, mostrando a íris azul e a pupila preta no centro. Há uma leve reflexão de luz na superfície da córnea, e a pele ao redor do olho é visível

Quando a visão fica turva é difícil ver os objetos ao redor, pois eles apresentam um aspecto embaçado. Infelizmente, esse problema pode afetar um ou os dois olhos, e ser provocado por doenças progressivas como a catarata, glaucoma, degeneração macular relacionada à idade e retinopatia diabética. Entenda!

A visão turva é um sintoma comum que afeta a vida de muitos  brasileiros, dificultando as tarefas cotidianas, como ler, dirigir ou simplesmente reconhecer rostos. Nesse sentido, uma das principais causas da condição é a catarata, especialmente em pessoas mais velhas. 

A doença de catarata ocorre quando o cristalino do olho, que normalmente é transparente, torna-se opaco, bloqueando a passagem de luz e prejudicando a visão. Com o passar do tempo, fica cada vez mais difícil ver coisas e pessoas com nitidez. 

Para te ajudar a entender melhor o assunto, este texto explora sinais de alerta para sua detecção precoce da opacificação do cristalino, as opções de tratamento disponíveis, desde mudanças no estilo de vida até intervenções cirúrgicas que podem restaurar a clareza visual. Confira!

O que é visão turva?

A turvação da visão é um fenômeno que deixa o olho embaçado ou desfocado, como se estivesse olhando através de um vidro sujo. Isso pode acontecer por vários motivos, como problemas de refração (miopia, hipermetropia, astigmatismo), cansaço ocular, ou até condições mais sérias, como catarata ou glaucoma. 

Às vezes, a visão turva aparece de repente, e outras vezes, vai piorando gradualmente. Por isso, é muito importante ficar atento aos sinais!

Quais são as causas comuns de visão turva?

A dificuldade de ver de longe (miopia), de perto (hipermetropia), visão desfocada em todas as distâncias (astigmatismo) e dificuldade de ver de perto devido ao envelhecimento (presbiopia) são os problemas de refração mais comuns que causam visão turva. 

Contudo, existem outras condições sistêmicas e metabólicas que contribuem para a visão embaçada, sendo elas:

  • Catarata: condição na qual o cristalino do olho se torna opaco, bloqueando a passagem da luz e resultando em visão embaçada, comum em pessoas idosas;
  • Glaucoma: doença que danifica o nervo óptico, muitas vezes devido a um aumento da pressão intraocular, e pode causar perda de visão e visão nublada;
  • Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI): doença que afeta a mácula, parte da retina responsável pela visão central, resultando em visão central borrada ou distorcida;
  • Retinopatia diabética: uma complicação do diabetes que afeta os vasos sanguíneos da retina, causando visão enevoada e, em casos graves, cegueira;
  • Infecções e inflamações oculares: condições como conjuntivite, ceratite (inflamação da córnea) e uveíte (inflamação da úvea);
  • Olho seco: quando os olhos não produzem lágrimas suficientes ou as lágrimas evaporam muito rapidamente, causando desconforto;
  • Uso prolongado de telas: ficar olhando para telas de computadores, celulares e televisores por muito tempo pode causar fadiga ocular digital;
  • Lesões oculares: traumas ou ferimentos nos olhos que danificam as estruturas internas e resultam em visão embaçada;
  • Medicamentos: como antidepressivos, antialérgicos, ou medicamentos para pressão alta, podem ter efeitos colaterais que incluem visão borrada;
  • Distúrbios sistêmicos: condições como hipertensão, esclerose múltipla, enxaqueca ou acidente vascular cerebral (AVC) também prejudicam a visão;
  • Descolamento de retina: uma emergência médica na qual a retina se separa da camada subjacente, causando visão nebulosa, flashes de luz, e sombras na visão. 

Como a catarata pode causar visão turva?

A visão desfocada provocada pela catarata surge principalmente por causa do desgaste do cristalino, devido à idade. Assim, pessoas mais velhas têm maiores chances de desenvolver essa condição.

Imagine que o cristalino do seu olho, que é uma lente natural responsável por focar a luz na retina, esteja ficando cada vez mais opaco, como se um vidro embaçado estivesse cobrindo a lente. Esse é o caso da catarata! 

Com o tempo, o cristalino perde sua transparência e a luz não passa mais de forma tão clara. Isso faz com que tudo que você vê pareça embaçado ou desfocado, o que se desenvolve lentamente, então você pode não perceber a mudança de imediato. 

É como se você estivesse olhando por um vidro sujo, e isso pode afetar a sua visão de perto, de longe, ou ambas. 

Quais são os sintomas específicos da catarata?

Os sintomas de catarata incluem, principalmente, a visão nublada, embaçada ou desfocada, como se você estivesse olhando através de um vidro sujo ou enevoado. Este é o sintoma mais comum, seguido pela:

  • Dificuldade de enxergar a noite que se intensifica em ambientes com pouca luz;
  • As luzes parecem muito brilhantes ou criam um brilho intenso, causando desconforto, além disso, você pode notar halos ou reflexos ao redor das luzes, especialmente à noite;
  • Cores desbotadas ou amareladas;
  • Necessidade de luz mais forte para leitura ou outras atividades;
  • Visão dupla em um olho (ver duas ou mais imagens do mesmo objeto);
  • Mudanças frequentes na prescrição de óculos ou lentes de contato;
  • Dificuldade para enxergar à luz do dia;
  • Aparência de ‘nuvens’ ou ‘manchas’ que obscurecem a visão, especialmente quando a catarata apresenta sinais avançados.

Como é a visão turva da diabetes?

A visão turva causada pela diabetes ocorre por causa de danos nos vasos sanguíneos da retina, uma condição conhecida como retinopatia diabética, ou por flutuações nos níveis de glicose no sangue que afetam o cristalino do olho. 

Quando o açúcar no sangue está elevado, o cristalino pode inchar, alterando a capacidade de focar e resultando em visão embaçada. Contudo, quando o nível de glicose é normalizado, a visão melhora temporariamente.

Além disso, a retinopatia diabética leva à formação de pequenas hemorragias na retina, causando manchas escuras ou “pontos cegos” na visão. A condição também resulta em uma percepção alterada das cores, que se tornam desbotadas ou menos vívidas. 

Em estágios mais avançados, o edema macular ou o descolamento de retina podem ocorrer, resultando na perda de visão central ou periférica, prejudicando a capacidade de ver detalhes finos ou objetos ao redor.

Quando procurar um oftalmologista?

Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 60% dos casos de cegueira no Brasil poderiam ser evitados com diagnóstico e tratamento adequados. Por isso, é importante agendar uma consulta ao primeiro sinal de mudanças súbitas na visão, como visão turva, flashes de luz, ou perda de visão. 

Para pessoas com doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, as visitas ao oftalmologista devem ser ainda mais frequentes.  Conforme o Ministério da Saúde, cerca de 13 milhões de brasileiros são diagnosticados com diabetes, uma condição que aumenta o risco de retinopatia diabética, a principal causa de cegueira em adultos no país. 

Estudos indicam que até 90% dos casos de retinopatia diabética podem ser prevenidos com exames oftalmológicos regulares e controle adequado da glicose. Além disso, é importante procurar um oftalmologista especialista ao sentir desconforto ocular, como dor, vermelhidão, coceira, ou lacrimejamento excessivo. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), condições como olho seco afetam até 12% da população brasileira, especialmente entre os idosos.  Desse modo, consultas regulares são essenciais para identificar e tratar precocemente problemas que, se não cuidados, evoluem para quadros mais graves. 

Portanto, manter os cuidados preventivos e o acompanhamento oftalmológico é essencial para prevenir problemas de visão.

Quais são os métodos de diagnóstico para catarata?

O Diagnóstico de catarata pode ser feito por meio de exames oculares realizados na clínica ou no laboratório, entre eles:

  • Exame de acuidade visual: o paciente é solicitado a ler uma tabela de Snellen, que contém letras de tamanhos decrescentes, para avaliar o quão bem consegue enxergar a diferentes distâncias;
  • Exame com lâmpada de fenda (Biomicroscopia): utilizando um dispositivo chamado lâmpada de fenda, o oftalmologista examina de perto as estruturas da parte frontal do olho, incluindo o cristalino, para detectar qualquer opacificação;
  • Oftalmoscopia: após a dilatação das pupilas com colírios especiais, o oftalmologista usa um oftalmoscópio para examinar a parte de trás do olho, incluindo a retina e o nervo óptico;
  • Ultrassonografia ocular (Biometria A e B-scan): esse exame pode ser necessário se a opacidade do cristalino for tão densa que impeça uma visualização adequada das estruturas internas do olho.

Quais são os tratamentos disponíveis para catarata?

Quando se trata de catarata, os tratamentos disponíveis variam conforme a gravidade dos sintomas e o impacto na qualidade de vida do paciente. Segundo os especialistas em oftalmologia, a única forma eficaz de tratar a catarata ocorre através da cirurgia. 

A cirurgia de catarata é um procedimento altamente seguro e eficaz, realizado mais de 500 mil vezes por ano no Brasil, segundo dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO).

Quando a pergunta é o que fazer para melhorar a visão turva, a cirurgia é o tratamento de catarata padrão, e demanda a remoção do cristalino opaco do olho, substituído por uma lente intraocular (LIO) artificial

Existem dois tipos principais de cirurgia de catarata: a facoemulsificação, que utiliza ultrassom para quebrar e remover a catarata, e a extração extracapsular, onde a catarata é removida em uma única peça. 

Durante a cirurgia, o cristalino natural opaco é substituído por uma lente intraocular (LIO). Existem vários tipos de LIOs disponíveis, incluindo lentes monofocais, que corrigem a visão para uma única distância, e lentes multifocais ou tóricas, que corrigem tanto a visão de perto quanto de longe, ou até mesmo o astigmatismo.

Existem formas de prevenir a catarata?

Sim, existem algumas medidas que podem ajudar a prevenir a catarata ou retardar seu desenvolvimento. Aqui estão algumas dicas práticas:

  • Use óculos de sol e proteja seus olhos dos raios UV;
  • Mantenha uma dieta saudável, consumindo alimentos ricos em antioxidantes, como frutas e vegetais;
  • Mantenha o diabetes e outras condições de saúde sob controle para reduzir o risco de catarata;
  • Evite o tabagismo;
  • Faça exames oculares regulares para monitorar a saúde ocular e detectar qualquer alteração precoce;
  • Use proteção adequada para os olhos, ao realizar atividades que possam causar lesões oculares;
  • A prática regular de exercícios físicos contribui para a saúde geral, incluindo a saúde ocular.

Vimos até aqui que a visão turva, frequentemente um sinal de catarata, tornando tarefas cotidianas como ler, dirigir e reconhecer pessoas mais difíceis. 

Identificar a catarata precocemente é crucial para a prevenção de problemas oculares. Com o avanço da medicina oftalmológica, a cirurgia de catarata, altamente segura e eficaz, oferece uma solução robusta para melhorar a visão para os pacientes, mesmo que eles estejam lidando com questões de envelhecimento e visão.

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Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.
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