O ceratocone começa na adolescência ou no início da vida adulta (entre 10 e 25 anos), sendo esse grupo etário o mais afetado. Pessoas que sofrem de alergias oculares e tendem a coçar os olhos com frequência estão em maior risco, pois esses atos contribuem para o afinamento da córnea.
Tem dúvidas se o Ceratocone tem cura? Bom, essa é uma doença ocular degenerativa causada por fatores genéticos e confundida com outras desordens oftalmológicas, como miopia e astigmatismo.
Mas diferente das doenças oculares mais simples, essa condição afeta diretamente a córnea, alterando sua espessura e formato, deixando-a mais fina, irregular e cônica.
Tais alterações causam visão distorcida no paciente, como imagens embaçadas, alta intolerância à luz e formação de múltiplas imagens. Além disso, o desgaste da córnea também traz grandes desconfortos, podendo causar coceira, vermelhidão e lacrimejamento.
O ceratocone é mais comum do que se imagina. No Brasil, a doença acomete 150 mil pessoas por ano, segundo dados do Ministério da Saúde, sendo a principal causa do transplante de córnea no país.
O que é ceratocone e quais seus sintomas?
O ceratocone é uma doença ocular não infecciosa, na qual acontece um enfraquecimento da córnea devido a alterações em sua composição e estrutura.
Assim, a sua conformação natural é afetada, ocorrendo a protusão corneana. Ou seja, a córnea aumenta sua curvatura, adquirindo o formato de cone e, consequentemente, a visão fica distorcida.
A condição é bilateral (acomete os dois olhos) em 90% dos casos, segundo pesquisa, mas, normalmente, o segundo olho é diagnosticado cerca de 5 anos depois do diagnóstico do primeiro olho. Por ser um quadro de degeneração da córnea, tem o potencial de causar perda gradual da visão.
Sintomas mais comuns
Entre os sintomas mais comuns, está a baixa acuidade visual, caracterizada pela presença de uma visão borrada e distorcida, tanto para enxergar objetos de longe quanto para enxergá-los de perto. Além disso, pode ocorrer diplopia (visão dupla de objetos) e possível poliopia (visão de diferentes imagens de um mesmo objeto).
Os pacientes também apresentam uma constante necessidade de apertar os olhos, devido à fadiga visual, enxergam halos ao redor de luzes mais fortes, têm sensibilidade acentuada à luz (fotofobia) e, não frequentemente, coceira e irritação.
A evolução do ceratocone, contribui para o desenvolvimento do astigmatismo e/ou miopia, de modo relativamente acelerado, sendo necessário corrigir o grau com frequência.
Os sinais e sintomas clínicos variam com a gravidade e evolução da doença, sendo que, quanto mais avançado o estágio, maior a manifestação da sintomatologia.
Quais as causas do ceratocone?
Os estudos na área da oftalmologia ainda não elucidaram quais são as causas exatas da ocorrência do ceratocone, mas sabe-se que é uma doença de caráter hereditário. Além do histórico familiar, existem outros fatores de risco, como a síndrome de Down ou distorções oculares congênitas.
Indivíduos alérgicos que coçam os olhos frequentemente também são mais propensos a desenvolver a doença, pois pode acontecer um enfraquecimento estrutural da membrana, em consequência do constante hábito de fricção.
Ceratocone tem cura?
Esta é uma doença controlável e tratável, porém considerada irreversível. Embora o tratamento ofereça resultados bastante satisfatórios na melhoria e estabilização dos sintomas, o ceratocone é muitas vezes confundido com outras condições oftalmológicas comuns, levando a um tratamento inadequado e equivocado.
Por isso, é necessário o acompanhamento frequente com médico oftalmologista, favorecendo o diagnóstico precoce da doença e freando seu desenvolvimento.
Nesse sentido, existem alguns exames que podem ser aplicados para o diagnóstico de ceratocone. Em muitos casos, um simples exame de rotina por baixa visual associado a uma avaliação dos sintomas do ceratocone do paciente pode ser o suficiente para detectá-lo.
No entanto, há outros exames complementares importantes. Dentre os mais solicitados, temos: a topografia corneana, que avalia possíveis irregularidades e distorções na superfície do olho, a paquimetria ultrassônica, teste que mede a espessura da córnea, e a tomografia da córnea, que avalia tanto a curvatura quando a espessura da superfície ocular.
Ceratocone pode cegar?
Por não causar danos permanentes ao nervo óptico, o ceratocone é uma doença que raramente leva à cegueira. No entanto, vale destacar que essa é uma possibilidade. Em estágios avançados, quando não há acompanhamento, pode causar prejuízos à visão, chegando a níveis considerados como cegueira.
Para se ter uma ideia, há casos de pacientes com mais de 10 graus no uso de lentes corretivas e que, mesmo assim, não possuem uma visão com total nitidez. Porém, como comentamos, essa é uma doença administrável que, com o devido tratamento, estabiliza-se em níveis que garantem a qualidade de vida do paciente.
Tipos de tratamento para ceratocone
Uma vez que danos foram causados à córnea, não há como revertê-los. No entanto, existem diversos tratamentos para controlar e evitar a progressão do ceratocone.
Independentemente do método adotado, o objetivo é sempre preservar a saúde da córnea, garantindo a qualidade da visão do paciente e postergando ao máximo a realização de qualquer intervenção cirúrgica.
Desse modo, o tratamento de ceratocone pode se dar em diversas frentes, que avançam conforme os resultados apresentados. São eles:
1. Colírios
A primeira abordagem ao ceratocone é por meio do uso de colírios específicos para diminuir o desconforto causado pela doença e cortar sua progressão, associada ao ato de coçar os olhos com frequência, fator agravante do ceratocone.
Quando adotado em estágios iniciais, o uso de óculos pode nem ser necessário.
2. Óculos
Caso haja perda de visão, o passo seguinte é a utilização de óculos, especialmente nas fases iniciais da doença corneana. Ao notar que o astigmatismo irregular causado pelo desgaste da córnea ainda é baixo, o uso de lentes corretivas externas ainda se mostra eficiente.
3. Lentes de contato
Em pacientes em que os óculos já não fornecem uma visão adequada, passa-se, então, à seguinte opção: lentes de contato para ceratocone.
Embora haja diferentes modelos disponíveis no mercado, de uma maneira geral, as mais populares são as lentes esclerais, especialmente em casos avançados. Elas são lentes de contato de grande diâmetro que repousam sobre a esclera, evitando contato direto com a córnea.
Esse modelo proporciona maior conforto, corrige irregularidades na superfície ocular e oferece uma visão mais nítida.
4. Crosslinking
Caso o ceratocone avance e haja uma piora no quadro, o oftalmologista pode indicar o procedimento conhecido como crosslinking corneano.
O tratamento consiste na raspagem da superfície da córnea, seguida da aplicação de radiação ultravioleta embebida em riboflavina (vitamina B12) e posterior colocação de lentes de contato gelatinosas que auxiliam na cicatrização e permitem cortar a progressão da doença.
5. Anel de ferrara
Trata-se de outro procedimento cirúrgico, em que o oftalmologista realiza o implante de um anel intra-estromal, ou anel de ferrana. Seu objetivo é regularizar a superfície da córnea, reduzindo o grau de astigmatismo e, assim, melhorando a visão do paciente.
6. Transplante de córnea
O transplante de córneas é considerado o último recurso para o tratamento do ceratocone. Sua indicação ocorre apenas quando as outras técnicas não resultam na melhora da condição do paciente e no estancamento da doença. Nesses casos, inclusive, o risco de cegueira é real.
A cirurgia consiste na substituição de parte da córnea afetada por outra saudável. O procedimento corrige quaisquer imperfeições oculares e, consequentemente, melhora a visão da pessoa que se submeteu à operação.
Vale destacar que esse se trata de uma dos procedimentos de transplante mais bem-sucedidos da medicina, sendo altamente seguro e eficiente no tratamento de ceratocone de difícil controle.
Quando o ceratocone é considerado grave?
O ceratocone é considerado grave quando desencadeia um afinamento corneano extremo, especialmente na área central ou inferior, aumentando o risco de complicações, como a formação de cicatrizes.
A forma cônica da córnea se torna mais pronunciada, levando a uma distorção visual severa que não pode ser corrigida com óculos ou lentes de contato tradicionais.
Além disso, a formação de cicatrizes na córnea, que ocorre pelo afinamento excessivo, provoca uma perda adicional de visão e torna o uso de lentes de contato impossíveis ou ineficazes.
Outro acontecimento preocupante é que pacientes em estágios graves de ceratocone desenvolvem intolerância a lentes rígidas, que são uma das principais formas de correção visual nos estágios iniciais e intermediários.
Mesmo com correção visual óptica (óculos ou lentes), a visão permanece muito prejudicada, afetando a capacidade do paciente de realizar atividades cotidianas.
Em casos raros, o afinamento extremo da córnea leva a uma ruptura das camadas internas, resultando em um inchaço súbito da córnea (hidropsia), causando dor e uma perda repentina e severa da visão.
Como prevenir o ceratocone?
Infelizmente, o ceratocone não pode ser totalmente prevenido. No entanto, existem algumas medidas que ajudam a reduzir o risco de desenvolver ou evitam a progressão da doença, são elas:
- Evitar esfregar os olhos: o ato de esfregar os olhos com força causa microtraumas na córnea, contribuindo para o afinamento e a deformação, fatores associados ao ceratocone. Se você sentir coceira nos olhos, tente usar colírios lubrificantes para aliviar o desconforto, em vez de esfregar;
- Controlar as alergias oculares: elas levam a coceira intensa e, consequentemente, ao esfregar os olhos, aumentando o risco de ceratocone. Lide com a situação usando medicamentos antialérgicos, como colírios anti-histamínicos, conforme recomendado pelo seu médico;
- Realizar exames oftalmológicos regulares: pessoas com histórico familiar de ceratocone ou outros fatores de risco devem fazer exames oftalmológicos regulares, especialmente durante a adolescência, quando o ceratocone tende a se manifestar;
- Evitar traumas oculares: lesões repetidas nos olhos enfraquecem a córnea e contribuem para o desenvolvimento do ceratocone. Por isso, use óculos de proteção durante atividades que envolvam risco de trauma ocular, como esportes de contato;
- Gerenciar doenças sistêmicas: algumas condições, como a síndrome de Down, síndrome de Marfan e eczema, estão associadas a um risco aumentado de ceratocone. Se você tem uma dessas condições, monitore sua saúde com a ajuda de um oftalmologista;
- Evitar o uso excessivo de lentes de contato: o uso inadequado de lentes de contato causa irritação e micro lesões na córnea, aumentando potencialmente o risco da doença.
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