A endoftalmite é uma doença ocular grave caracterizada pela inflamação do interior dos olhos. Por conta da sua gravidade, ela é considerada uma emergência oftalmológica. Saiba como identificar seus sintomas e qual o tratamento indicado para essa doença.
A endoftalmite é uma doença ocular grave que pode comprometer totalmente a capacidade visual do paciente e prejudicar sua qualidade de vida.
Essa condição ocular pode ser causada por diferentes fatores, sendo que a principal delas são infecções provocadas por microrganismos como bactérias, fungos e protozoários.
Caso a doença não seja diagnosticada de forma precoce e tratada corretamente, o paciente pode até perder a visão.
Embora seja uma doença rara, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram registrados 16 surtos de endoftalmite no país apenas entre 2005 e 2017.
Um dos fatores que dificultam o diagnóstico precoce deste problema é a falta de informação. Apesar da sua gravidade, os sintomas e as causas da doença não são conhecidos entre a maioria da população.
Para contribuir com a conscientização sobre essa condição ocular, neste artigo, explicaremos o que é endoftalmite, quais os tipos e causas da doença, e como diagnosticar, tratar e prevenir o problema.
O que é a endoftalmite?
A endoftalmite é caracterizada pela inflamação intraocular. A doença pode afetar os tecidos, fluidos e até estruturas da parte interna do olho.
Embora possa se tornar crônica, essa condição frequentemente ocorre de forma aguda, ou seja, tem uma evolução rápida. Quando ocorre na forma aguda, a doença tem um potencial destrutivo para o olho.
Caso não seja diagnosticada e tratada de forma precoce, essa condição pode comprometer significativamente a visão do paciente, podendo causar até mesmo a atrofia do globo ocular e a cegueira.
Por conta da gravidade da doença, a endoftalmite é considerada uma emergência oftalmológica. Por esse motivo, caso o paciente identifique algum dos sintomas associados a essa condição, deve procurar imediatamente um centro médico especializado.
Quais são os tipos de endoftalmite?
A endoftalmite pode ser classificada de diferentes formas, de acordo com a origem, com o processo infeccioso, o agente causador e o curso da doença, por exemplo.
Conhecer os diferentes tipos da doença ajuda o paciente a entender as possibilidades de diagnóstico da sua condição e os termos médicos utilizados pelo oftalmologista.
Confira abaixo algumas das classificações dessa doença.
Origem
Segundo a classificação por origem, a endoftalmite pode ser classificada da seguinte forma:
- Pós-operatória: associado a cirurgia de catarata, transplante de córnea, entre outros procedimentos;
- Endógena: quando o agente causador vem de dentro do corpo, via sangue, por exemplo;
- Pós-traumática: resultante de algum processo traumático;
- Miscelânia: quando ocorre associada a outras doenças, como a ceratite microbiana, por exemplo.
Processo infeccioso
A classificação da doença de acordo com o processo infeccioso é considerada mais ampla do que a anterior. Nesse caso, essa infecção ocular pode ser classificada de duas formas distintas:
- Exógena: considerada mais comum, é causada por cirurgias intraoculares, traumas penetrantes, úlcera corneana, entre outros problemas provocados por agentes externos.
- Endógena: considerada rara, ocorre quando um microrganismo infeccioso atinge o olho através da corrente sanguínea.
Agente causador
Nesse caso, a classificação considera os agentes responsáveis por provocar a inflamação do olho. De acordo com esse critério, a doença pode ser dividida em dois tipos.
- Infecciosa: infecção ocular grave causada por bactérias ou fungos;
- Inflamatória: provocada por doenças autoimunes, contato com agentes tóxicos, entre outros problemas.
Curso da doença
Essa classificação considera o tempo necessário para o desenvolvimento e manifestação dos sintomas da doença. Nesse caso, ela pode ser classificada de duas formas diferentes:
- Aguda: se manifesta de 3 a 5 dias após um trauma ocular ou cirurgia intraocular, por exemplo;
- Crônica: a doença se manifesta semanas ou meses após o contato com o agente causador. Por isso, sua evolução é mais lenta.
O que causa a endoftalmite?
A endoftalmite pode ser causada por diversos fatores. Na maioria dos casos, a doença é infecciosa e exógena, ou seja, provocada por microrganismos que entram em contato com o olho após procedimentos cirúrgicos, traumas e lesões oculares, entre outros eventos.
Geralmente, o paciente desenvolve essa infecção ocular grave por conta do contato com bactérias como Staphylococcus epidermidis ou S. aureus. No entanto, embora seja mais raro, fungos e protozoários também podem causar a doença.
Essa infecção ocular também pode ser causada por agentes endógenos. Conforme explicado, nesse caso, a infecção alcança o olho através da corrente sanguínea.
Essa infecção pode ser resultante de cirurgias sistêmicas, procedimentos odontológicos, pneumonia, sepse, abcessos, úlceras de pele, entre outros problemas.
Quais os fatores de risco para a doença?
Algumas pessoas apresentam condições de saúde que aumentam suas chances de desenvolver a endoftalmite. Essas condições são chamadas de fatores de risco e indicam em quais situações a pessoa deve aumentar seus cuidados para evitar a doença.
Geralmente, pacientes com diabetes, leucemia, Aids, dermatite atópica e infecções de vias aéreas superiores (especialmente crianças), são mais suscetíveis a essa inflamação ocular. Afinal, eles apresentam condições de saúde que agravam o quadro inflamatório e infeccioso.
Além desses fatores, pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos também são mais vulneráveis à doença. A endoftalmite infecciosa é mais frequente em pacientes que fizeram cirurgia de catarata, transplante de córnea, cirurgias para remoção de glaucoma, entre outros procedimentos.
Nesses casos, a infecção pode ser resultado de lesões oculares geradas durante a cirurgia, desinfecção inadequada das pálpebras, cílios e conjuntiva do paciente, suturas frouxas, entre outros problemas.
Quais são os sintomas da endoftalmite?
Os sintomas de endoftalmite variam de acordo com o quadro clínico do paciente e podem progredir rapidamente. Geralmente, quem desenvolve essa doença apresenta sintomas como:
- Dor intensa nos olhos;
- Vermelhidão intensa dos olhos (hiperemia conjuntival intensa);
- Alta sensibilidade à luz (fotofobia);
- Pálpebras inflamadas (edema palpebral);
- Redução da capacidade de visão;
- Visão turva;
- Perda do reflexo vermelho;
- Inflamação intraocular dentro da câmara anterior e vítrea.
Como é feito seu diagnóstico?
O diagnóstico de endoftalmite deve ser realizado em duas etapas. A primeira exige a avaliação clínica do paciente. Para isso, o oftalmologista vai avaliar seus sintomas, fatores de riscos, bem como os resultados de alguns exames oculares.
A segunda etapa consiste na realização de testes microbiológicos, como coletas de sangue e urina e culturas de amostras do humor aquoso e vítreo do olho.
Como tratar endoftalmite?
O tratamento da endoftalmite varia de acordo com o quadro clínico do paciente e com o tipo da doença.
No caso da endoftalmite infecciosa, por exemplo, o oftalmologista pode prescrever o uso de antibióticos como vancomicina e ceftazidima. Esses medicamentos podem ser injetados no olho e/ou administrados na veia (por via intravenosa).
Caso a visão do paciente esteja muito comprometida pela doença, o médico pode prescrever o uso de corticosteroides, medicamentos utilizados para reduzir a inflamação.
Em casos graves, o oftalmologista também pode indicar a realização da chamada cirurgia de vitrectomia, procedimento em que o gel vítreo do olho é removido parcial ou totalmente e substituído por solução artificial ou bolha de gás.
Vale lembrar que o prognóstico da endoftalmite, ou seja, a evolução da doença, geralmente é ruim. Isso significa que os sintomas do paciente podem se agravar rapidamente.
Por isso, o sucesso do tratamento também depende de um diagnóstico precoce e da adoção rápida de estratégias para combater o avanço da doença.
Como prevenir a endoftalmite?
A endoftalmite é uma doença grave que pode causar grandes prejuízos a capacidade visual e a qualidade de vida do paciente. Embora exista tratamento para esse problema ocular, a melhor forma de “tratar” a doença é investir em medidas preventivas.
Essas medidas devem ser adotadas especialmente após um trauma ocular ou a realização de alguma cirurgia oftalmológica.
Após esses eventos, o paciente deve higienizar as mãos antes de tocar os olhos e de aplicar os colírios e evitar atividades que prejudiquem sua reabilitação visual, como exercícios físicos.
Além disso, ele deve utilizar corretamente os curativos, acessórios de proteção e/ou medicamentos prescritos pelo oftalmologista.
Nesses casos, fazer o acompanhamento oftalmológico pós-evento e monitorar o desenvolvimento de qualquer sintoma também é essencial para o diagnóstico e tratamento precoce da doença.
Vale lembrar que consultar regularmente o médico oftalmologista é fundamental para o diagnóstico correto de qualquer tipo de endoftalmite ou outra doença ocular. Assim, é muito mais fácil preservar a saúde dos olhos e a qualidade da sua visão.
Ficou com alguma dúvida ou precisa de um atendimento especializado? Entre em contato com a equipe da Clínica de Oftalmologia Integrada e agende já sua consulta!