Plástica ocular funcional: blefaroplastia e correção de calázio

A imagem é um close-up do olho de uma pessoa idosa, possivelmente uma mulher, com cabelo branco. O foco está no seu olho esquerdo, que tem a íris em um tom de azul esverdeado com um leve anel cinza na borda

Cirurgias funcionais das pálpebras corrigem excesso de pele e calázios, ampliando o campo visual e preservando a saúde ocular. Saiba mais!

Cuidar da saúde dos olhos vai muito além de usar óculos ou lentes de contato. Muitas pessoas convivem com pálpebras pesadas, visão encoberta ou lesões recorrentes que causam incômodo e até atrapalham a rotina. 

Nesses casos, a plástica ocular funcional surge como uma aliada importante: não apenas melhora a aparência, mas principalmente devolve conforto, amplia o campo visual e contribui para a qualidade de vida.

O que é a plástica ocular funcional

A plástica ocular funcional é um conjunto de procedimentos da cirurgia oftalmológica voltado a corrigir alterações que comprometem a visão, o conforto ocular ou a proteção dos olhos. Embora seja mais lembrada pelas cirurgias das pálpebras — como a blefaroplastia funcional e a correção de calázio —, também abrange intervenções na órbita e nas vias lacrimais, quando há impacto direto na saúde visual.

As evidências científicas mostram isso de forma prática: pacientes submetidos à blefaroplastia funcional podem ter melhora mensurável no campo visual e na sensibilidade ao contraste, fatores decisivos para atividades como leitura e direção (Heidari et al., 2023)

Já no caso do calázio, quando é grande e localizado na pálpebra superior, pode induzir astigmatismo e alterar a topografia corneana; o tratamento precoce evita distorções ópticas que podem até atrapalhar cálculos para lentes intraoculares (Effects of chalazia on corneal astigmatism).

Diferença entre plástica estética e funcional.

A plástica estética busca apenas rejuvenescimento e harmonia facial. Já a plástica ocular funcional tem uma meta clínica: corrigir situações em que a anatomia ocular interfere na visão ou no conforto do paciente.

No conjunto, a plástica ocular funcional não se limita à estética. O objetivo central é manter ou recuperar funções fundamentais: enxergar sem obstáculos, proteger a córnea, garantir a distribuição da lágrima e oferecer estabilidade anatômica para que os olhos funcionem de forma saudável e confortável.

Objetivo principal: melhorar a função ocular

O foco da plástica ocular funcional é devolver ao paciente uma visão clara e confortável. Isso envolve:

  • Ampliar o campo visual em casos de ptose palpebral ou excesso de pele palpebral que cobre o eixo visual.
  • Restaurar a mecânica do piscar, favorecendo a lubrificação da superfície ocular e protegendo a córnea.
  • Corrigir distorções ópticas causadas por lesões palpebrais, como o calázio persistente, que pode alterar a curvatura da córnea e induzir astigmatismo.
  • Garantir previsibilidade em outros procedimentos: ao tratar alterações palpebrais antes de uma cirurgia refrativa ou de catarata, o médico evita erros no cálculo de lentes intraoculares e melhora os resultados visuais.

Há também cuidados importantes. Pesquisas mostram que sintomas de olho seco podem surgir nas primeiras semanas após a cirurgia, geralmente de forma transitória, sendo controlados com colírios lubrificantes e técnicas conservadoras durante a operação (Fan et al., 2021)

Em contrapartida, os ganhos vão além da visão: o estudo “Impacto da blefaroplastia superior na qualidade de vida e sua inserção no contexto da saúde pública brasileira: revisão de escopo” demonstra benefícios em sensibilidade ao contraste, conforto visual e qualidade de vida, sobretudo em pacientes acima dos 50 anos, que são os mais frequentemente submetidos a esse tipo de procedimento.


A imagem mostra duas mulheres em um ambiente clínico, possivelmente um consultório

Blefaroplastia funcional

Blefaroplastia funcional é a cirurgia das pálpebras feita com objetivo funcional, não apenas estético. Serve para remover excesso de pele (dermatocalase) e/ou corrigir flacidez muscular que atrapalha o campo visual, dá sensação de peso nos olhos e causa cansaço para abrir as pálpebras.

Quando é indicada

É indicada quando exames clínicos ou campimétricos comprovam que o excesso de pele palpebral ou a ptose palpebral interferem na visão, prejudicando atividades simples do dia a dia como leitura, uso de telas e direção. 

Em alguns casos, a indicação também inclui desconforto por irritação ocular crônica, cefaleias de contração frontal ou prejuízo na lubrificação por alteração no piscar.

Casos de excesso de pele atrapalhando a visão.

Com o envelhecimento, a pele das pálpebras tende a perder elasticidade e pode formar dobras que cobrem parte do eixo visual. Esse excesso de pele palpebral não é apenas um incômodo estético: ele estreita o campo visual superior e obriga o paciente a levantar constantemente as sobrancelhas para enxergar, gerando fadiga muscular e até dor de cabeça.

Estudos clínicos mostram que, ao remover esse excesso, a blefaroplastia funcional resulta em ganho mensurável de campo visual e melhora da sensibilidade ao contraste, dois fatores decisivos para segurança ao dirigir e para conforto na leitura.

Benefícios funcionais e estéticos

Além de ampliar o campo de visão e facilitar o piscar — essencial para a distribuição da lágrima e proteção da córnea —, a blefaroplastia funcional pode gerar benefícios estéticos indiretos, como aspecto de olhar mais leve e rejuvenescido.

Pesquisas apontam:

  • Melhora significativa na qualidade de vida, autoestima e bem-estar relatada pelos pacientes após a cirurgia.
  • Redução de cefaleias e enxaquecas relacionadas ao esforço para erguer as pálpebras.
  • Diminuição de distorções ópticas associadas à cobertura parcial da córnea.
  • Possível alívio de sintomas de olho seco em casos selecionados, já que a correção da ptose favorece a excursão palpebral e melhora a distribuição da lágrima.

Ou seja, embora classificada como uma cirurgia de finalidade funcional, seus efeitos repercutem também na aparência e na percepção de bem-estar, o que ajuda a explicar a alta taxa de satisfação observada em diferentes estudos clínicos.

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Correção de calázio

O calázio é um nódulo que surge na pálpebra devido à inflamação crônica da glândula meibomiana, responsável pela secreção da camada lipídica da lágrima. Diferente do terçol (hordéolo), não está associado a infecção aguda, mas ao acúmulo de secreção oleosa que gera obstrução e reação inflamatória.

Causas comuns

  • Disfunção das glândulas de Meibomius;
  • Pele oleosa ou acne rosácea;
  • Blefarite crônica;
  • Episódios recorrentes de inflamação palpebral.

Além do incômodo estético, calázios grandes, sobretudo na pálpebra superior, podem deformar a superfície da córnea e induzir astigmatismo ou outras aberrações ópticas. Um estudo demonstrou que lesões volumosas nessa região produzem mudanças significativas na topografia corneana, com risco de reduzir a acuidade visual e até influenciar cálculos de lentes intraoculares.

Como a cirurgia funciona na prática

Quando o calázio não regride com medidas conservadoras, pode ser indicada a cirurgia ocular para drenagem. O procedimento é simples, realizado em regime ambulatorial, com anestesia local e pequena incisão na face interna da pálpebra. Através dela, o conteúdo inflamatório é removido e a parede da glândula é raspada, reduzindo a chance de recidiva.

A recuperação costuma ser rápida: o paciente pode sentir leve desconforto ou apresentar hematoma temporário, mas em poucos dias já retoma suas atividades. A principal recomendação pós-operatória é o uso de colírios antibióticos e compressas mornas, além de acompanhamento oftalmológico para evitar novas obstruções.

Diferença entre tratamento clínico e intervenção cirúrgica

O tratamento clínico é a primeira linha de manejo e inclui compressas mornas, massagem palpebral, higiene dos cílios e uso de colírios anti-inflamatórios ou antibióticos quando indicado. Em muitos casos, essas medidas são suficientes para reduzir a inflamação.

Já a intervenção cirúrgica é reservada para calázios persistentes, recorrentes ou de grande volume, que podem comprometer a visão ao induzir astigmatismo ou causar deformidade palpebral. Quando a lesão não responde ao tratamento clínico em algumas semanas, a drenagem cirúrgica evita complicações e devolve conforto visual.

Essa distinção é importante: enquanto a abordagem clínica busca controlar a inflamação de forma conservadora, a cirurgia elimina definitivamente a obstrução e corrige distorções ópticas associadas. Por isso, a correção de calázio é considerada parte da plástica ocular funcional, pois vai além da estética e protege a saúde visual.

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A imagem é um close-up detalhado do olho direito de uma pessoa, provavelmente um homem, de meia-idade ou mais velho. O foco está no olho e na área ao seu redor.

Benefícios da plástica ocular funcional

A plástica ocular funcional traz ganhos que vão além da estética: amplia o campo visual, corrige distorções ópticas causadas por excesso de pele ou calázios, reduz o peso nas pálpebras e melhora a lubrificação ocular. 

Estudos também mostram impacto positivo na autoestima e na qualidade de vida, unindo saúde visual e bem-estar em um único procedimento.

Melhora da visão e do campo visual

A principal conquista da plástica ocular funcional é devolver clareza à visão. Em casos de excesso de pele palpebral ou ptose palpebral, a cirurgia amplia o campo visual superior, liberando o eixo óptico que estava parcialmente encoberto.

Estudos mostram que, após a blefaroplastia funcional, há aumento mensurável do campo visual e melhora da sensibilidade ao contraste, fatores essenciais para segurança ao dirigir e conforto em atividades como a leitura.

No caso do calázio, a correção precoce evita que a lesão distorça a curvatura da córnea e induza astigmatismo, garantindo maior precisão em exames oftalmológicos e estabilidade óptica.

Redução de desconfortos e peso nas pálpebras.

A sensação de pálpebras pesadas, que obriga o paciente a contrair a testa para enxergar, é um dos sintomas que mais motivam a procura por esse tipo de cirurgia. 

Ao remover o excesso de pele ou corrigir a ptose palpebral, a plástica ocular funcional reduz a fadiga ocular, alivia cefaleias de esforço e melhora a lubrificação dos olhos, já que restaura o piscar completo e a distribuição da lágrima.

Embora sintomas de olho seco possam aparecer de forma transitória após a cirurgia, pesquisas indicam que esses efeitos tendem a se normalizar em semanas com cuidados pós-operatórios adequados.

Impacto positivo também na autoestima

Os benefícios não se restringem à função ocular. Diversos estudos observacionais relatam que pacientes submetidos à blefaroplastia funcional relatam alta satisfação, melhora da autoestima e maior bem-estar no dia a dia. 

O ganho estético indireto — olhar mais aberto, menos aparência de cansaço — se soma ao alívio visual, gerando impacto direto na qualidade de vida.

Esse efeito é tão relevante que especialistas defendem a ampliação do acesso ao procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente quando há comprovação de limitação funcional.

Recuperação e cuidados pós-operatórios

A recuperação após a plástica ocular funcional geralmente é rápida, mas exige atenção às recomendações médicas para garantir cicatrização adequada, estabilização da visão e prevenção de complicações.

Recomendações médicas após os procedimentos

Após a plástica ocular funcional, é comum o oftalmologista recomendar compressas frias nas primeiras 48 horas para reduzir inchaço e roxos, além de manter a cabeça levemente elevada ao dormir. 

Colírios lubrificantes e antibióticos ajudam a proteger a superfície ocular e evitar infecções. Evitar maquiagem, esforço físico intenso e exposição solar direta também fazem parte dos cuidados iniciais.

Tempo de recuperação esperado

O retorno às atividades do dia a dia costuma ser rápido. A maioria dos pacientes retoma tarefas leves em poucos dias, mas o inchaço e as manchas roxas podem persistir por 1 a 2 semanas. 

Em termos visuais, pequenas alterações ópticas — como mudanças no astigmatismo ou sensação de olho seco — tendem a estabilizar entre 8 e 12 semanas, quando exames como refração ou topografia podem ser reavaliados com segurança.

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Sinais de alerta que exigem retorno imediato ao oftalmologista

Alguns sintomas fogem do esperado e devem motivar contato rápido com o especialista:

  • Dor intensa que não melhora com analgésicos comuns;
  • Vermelhidão difusa e secreção purulenta, sugerindo infecção;
  • Dificuldade para fechar os olhos;
  • Visão borrada súbita ou perda parcial do campo visual;
  • Inchaço exagerado e assimétrico, acompanhado de febre.

Reconhecer esses sinais permite uma intervenção precoce e segura, garantindo que os benefícios da cirurgia não sejam comprometidos.

A imagem mostra uma oftalmologista examinando os olhos de uma paciente em um consultório médico.

Importância da avaliação médica

Antes de indicar a plástica ocular funcional, o oftalmologista precisa realizar uma avaliação detalhada. Esse passo é decisivo para confirmar a real necessidade da cirurgia, reduzir riscos e escolher a técnica mais segura e eficaz para cada paciente.

Exames necessários antes da cirurgia

Entre os exames mais comuns estão a campimetria visual, que mede o quanto o excesso de pele ou a ptose palpebral comprometem o campo de visão, e a topografia corneana, essencial quando há calázio ou suspeita de alterações ópticas. 

Também podem ser realizados testes do filme lacrimal para avaliar risco de olho seco, além de fotografias médicas para documentar a situação pré-operatória. Esses exames ajudam a garantir que a cirurgia tenha indicação funcional clara, e não apenas estética.

Avaliação individualizada para definir a técnica adequada

Cada caso é único. O especialista considera fatores como idade, saúde ocular, histórico de cirurgia oftalmológica, grau de excesso de pele palpebral ou ptose, presença de calázios recorrentes e até condições sistêmicas (diabetes, doenças autoimunes). 

A partir dessa análise, define-se se será necessária apenas a blefaroplastia funcional, uma correção de ptose associada ou a drenagem de calázio. Essa avaliação individualizada é o que garante equilíbrio entre função, estética e saúde visual, evitando complicações e maximizando os benefícios da cirurgia.

Cuide da saúde ocular com avaliação especializada

A plástica ocular funcional, seja pela blefaroplastia ou pela correção de calázio, vai além da estética e pode devolver qualidade de vida ao paciente. Se você sente incômodo nas pálpebras, visão encoberta ou apresenta lesões recorrentes, procure um oftalmologista especializado em plástica ocular. Apenas uma avaliação individualizada pode indicar o tratamento mais seguro e eficaz para o seu caso. Fale com a gente!

Perguntas Frequentes 

1. A plástica ocular funcional é diferente da estética?
Sim. Enquanto a estética busca apenas rejuvenescimento, a plástica ocular funcional corrige alterações que comprometem a visão, o conforto ou a saúde ocular.

2. Quando a blefaroplastia funcional é indicada?
Ela é indicada quando o excesso de pele ou a ptose palpebral atrapalham o campo visual, causam desconforto ou dificultam atividades do dia a dia.

3. O calázio sempre precisa de cirurgia?
Não. Muitos casos melhoram com medidas clínicas, como compressas mornas e colírios. A cirurgia é indicada apenas para lesões persistentes, grandes ou recorrentes.

4. Como é a recuperação da plástica ocular funcional?
Em geral é rápida. A maioria dos pacientes retoma atividades leves em poucos dias, com estabilização visual entre 8 e 12 semanas, desde que siga as orientações médicas.

Foto de Dr. Ricardo Filippo

Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.

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