Cirurgia de ceratocone: quem pode fazer, como é feita e indicações

Olho com zoom na córnea

Entenda quem pode fazer cirurgia de ceratocone, quais cuidados são necessários ao realizar o procedimento e qual é a sua média de custo

O ceratocone, assim como qualquer outro tipo de doença ocular, deve ser tratada quanto antes para evitar maiores problemas graves na visão. Neste caso, a cirurgia de ceratocone é uma opção escolhida por muitos pacientes. Porém, é necessário compreender quem realmente pode realizar esse procedimento. 

Estamos falando de uma condição ocular que afeta a córnea e que, nos estágios iniciais, pode ser tratada com o uso de óculos com grau. Porém, conforme avança, é importante procurar métodos mais eficazes para combatê-la, como a cirurgia. 

No entanto, somente um oftalmologista poderá indicar o tratamento mais adequado para cada indivíduo para impedir o agravamento da doença. Afinal, cada paciente possui diferentes necessidades.

Continue a leitura e saiba o que é cirurgia de ceratocone crosslinking — e outros tipos de procedimentos —, quando ela é indicada e outras informações importantes sobre o assunto! 

Como é feita a cirurgia de ceratocone 

Ceratocone é uma doença ocular na qual a córnea — que geralmente é redonda — passa a ter formato de cone. Essa forma de cone desvia a luz conforme entra no olho a caminho da retina sensível à luz. Com isso, provoca uma visão distorcida. 

A doença costuma surgir no início dos 20 anos de uma pessoa, ou até mesmo durante a adolescência, em alguns casos.

A realização da cirurgia de ceratocone depende do tipo de procedimento que é realizado. No entanto, no geral, o paciente não sente ao realizá-la, já que estará sob efeito de anestésico nos olhos. 

Confira a seguir quais são os tipos de procedimentos quando se trata desse tipo de procedimento cirúrgico e como eles são realizados. 

4 tipos de procedimentos 

Aqui estão alguns dos principais tipos de procedimentos que podem ser realizados quando se trata de cirurgia de ceratocone. 

1. Crosslinking Corneano

A cirurgia de crosslinking é uma das mais recomendadas para quem possui ceratocone. Trata-se de um procedimento simples e rápido de ser realizado e indolor. 

Ela é realizada com anestesia local, para que ocorra a raspagem no olho. Depois, o cirurgião aplica um colírio específico, com vitamina B2. 

Por fim, o olho operado é exposto a raios ultravioletas. Esse processo é feito para que o tecido da córnea se torne mais rígido. Assim, ocorre a diminuição da elasticidade da região, o que também ajuda a reduzir as chances de ocorrer o aumento do grau de astigmatismo

2. Anel Intracorneano

Conhecido como Anel de Ferrara ou Anel Intracorneano, esse é um procedimento onde o cirurgião implanta um pequeno anel na parte inferior ou superior da córnea (estroma).  

Com esse procedimento é possível evitar que ocorra a curvatura da córnea para o formato de cone. Essa também é uma cirurgia indolor e rápida de ser realizada, sendo necessário apenas a aplicação de anestesia local. 

O implante é recomendado para quem já fez o uso de óculos e lentes de contato, mas não obteve resultado positivo no controle da ceratocone. 

3. Implante da Lente Intraocular

Outro tipo de procedimento que pode ser feito para o tratamento de ceratocone é o Implante da Lente Intraocular. Assim como ocorre com o processo de implantação do Anel Intracorneano, essa outra cirurgia consiste em colocar uma prótese no olho. 

Portanto, é um procedimento cirúrgico rápido e simples, e quem o realiza costuma ter uma rápida recuperação. 

Para realizar a cirurgia, o médico deve aplicar dois colírios no olho do paciente, um para dilatar e outro para anestesia o olho. Depois disso, um pequeno corte deve ser realizado na lateral da córnea. Assim, o cirurgião poderá fixar a lente intraocular atrás da íris do olho. 

4. Transplante de Córnea

Embora o termo “cirurgia ceratocone transplante” possa assustar algumas pessoas, essa é mais uma opção de procedimento que pode ser indicado para pacientes com ceratocone. 

Também conhecido como ceratoplastia, o transplante de córnea é recomendado para casos onde a ceratocone já está em estágios avançados. Em outras palavras, o procedimento é indicado quando outros tratamentos já foram aplicados e não obtiveram bons resultados. 

O transplante de córnea funciona como outros tipos de transplantes de órgãos. Portanto, o paciente precisará fazer o registro no Banco de Olhos, assim, poderá receber um doador de córnea. 

Essa córnea que será doada será saudável e sem nenhuma doença. Os resultados da cirurgia costumam ser muito positivos, no entanto, ela só deve ser realizada realmente se o paciente já tiver passado por outros procedimentos. 

Quem pode fazer a cirurgia?

Como você pode ter percebido, a indicação da cirurgia de ceratocone depende, principalmente, do estágio da doença. 

Por exemplo, o procedimento de crosslinking é recomendado para pacientes que têm ceratocone em evolução, com o objetivo de “estabilizar” a condição ocular. Já o transplante é indicado como última solução, somente para casos que estão muito avançados. 

Portanto, somente um oftalmologista especialista em ceratocone poderá fazer a indicação adequada para cada paciente, de acordo com o avanço da doença.

Recuperação 

A recuperação de cirurgia de ceratocone vai depender muito da complexidade do procedimento realizado. No entanto, considerando o crosslinking — uma das cirurgias mais comuns —, a visão costuma voltar ao normal depois de 90 dias.

No geral, é comum que os pacientes sintam algum tipo de incômodo nos dois primeiros dias depois da cirurgia. Também pode ser que sintam ardência e sensação de corpo estranho no olho. 

Para que os resultados sejam os mais positivos possíveis, é muito importante que o paciente siga todos os cuidados feitos por seu médico oftalmologista. Isso é crucial para que exista um pós-operatório satisfatório. Alguns deles são:

  • Não coçar o olho;
  • Evitar frequentar ambientes sujos;
  • Não realizar atividades intensas — como a prática de exercícios físicos — de acordo com a recomendação médica;
  • Usar corretamente os colírios e medicamentos receitados. 

Além disso, em alguns casos, o oftalmologista pode indicar que o paciente utilize óculos escuros para se proteger dos raios solares.

Quais os riscos de uma cirurgia de ceratocone?

E os riscos da cirurgia de ceratocone, será que eles existem? Sim, essa cirurgia oferece riscos, assim como qualquer outro tipo de procedimento cirúrgico. 

Algumas complicações que podem ocorrer são: 

  • Infecções;
  • Opacidade da córnea;
  • Vermelhidão ocular;
  • Lacrimação;
  • Irritação. 

No entanto, todos os sintomas citados acima podem regredir em poucos dias. Caso persistam, é essencial buscar atendimento médico. 

Como fica o olho depois da cirurgia de ceratocone?

Depois de uma cirurgia de ceratocone os olhos podem ficar avermelhados, irritados e causar um certo desconforto no paciente, incluindo dor moderada. Por isso a importância de seguir as orientações médicas e uso dos remédios e colírios prescritos. Em média em 3 dias os sintomas começam a diminuir.

Outro fator importante do pós-cirúrgico, é o paciente compreender que ao realizar uma cirurgia de ceratocone, pode ser que ele precise utilizar óculos ou lente de contato depois do procedimento.

Isso acontece porque o Anel de Ferrara e o Crosslinking não são procedimentos que corrigem erros refrativos — como miopia e astigmatismo. No entanto, eles podem reduzir o grau desses problemas. 

Portanto, é necessário esperar até que o grau nos olhos seja estabilizado depois do procedimento. Somente depois disso é possível avaliar se o uso de óculos ou lentes será necessário. 

Qual é o valor da cirurgia de ceratocone?

Mais uma vez, o valor da cirurgia de ceratocone depende muito do tipo de procedimento cirúrgico que será realizado. Quando se trata de crosslinking, por exemplo, a média de valor é de R$4000. Já no caso do transplante de córnea a média é de R$7000. 

É importante deixar claro que, desde 2016, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento para casos de ceratocone. Contudo, assim como outros procedimentos realizados pelo SUS, o paciente precisará entrar em uma fila de espera para realizar a cirurgia.

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Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.

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