Entre os tipos de glaucoma, o de pressão normal é um dos mais desafiadores, já que evolui sem aumento da pressão intraocular. Saiba mais!
O glaucoma de pressão normal (GPN) é um dos diagnósticos mais intrigantes da oftalmologia. Diferente de outros tipos de glaucoma, ele pode causar perda de visão mesmo quando a pressão intraocular está normal.
Esse detalhe faz com que muitos pacientes descubram a doença apenas em fases avançadas, quando o campo visual já está comprometido.
Estudos científicos mostram que o GPN está ligado a múltiplos fatores, desde predisposição genética até problemas vasculares. Por ser uma condição silenciosa e de progressão lenta, o diagnóstico depende de exames oftalmológicos regulares e acompanhamento próximo com o especialista.
O que é o glaucoma de pressão normal
O glaucoma de pressão normal (GPN) é um subtipo de glaucoma que desafia o senso comum. Diferente do que muitos imaginam, a doença pode se desenvolver mesmo quando a pressão intraocular está dentro dos limites considerados normais.
Nesse caso, o problema não está diretamente ligado à pressão ocular elevada, mas a outros fatores que comprometem o nervo óptico, levando à perda progressiva do campo visual.
Segundo Tavares e Arruda (Atualização Continuada: Glaucoma de Pressão Normal), o GPN está associado a alterações vasculares e à susceptibilidade individual do nervo óptico, o que contribui para sua progressão silenciosa.
Diferença em relação a outros tipos de glaucoma
Nos casos clássicos, como o glaucoma de ângulo aberto ou o glaucoma de ângulo fechado, o aumento da pressão ocular é o principal fator de risco. Já no glaucoma de pressão normal, os valores da pressão intraocular permanecem dentro da faixa de referência considerada saudável.
Essa particularidade explica por que muitos pacientes acreditam estar fora de risco, mesmo apresentando danos progressivos ao nervo óptico.
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Por que o glaucoma de pressão normal pode passar despercebido
O glaucoma de pressão normal (GPN) é considerado um dos tipos mais silenciosos da doença. Ele progride sem causar dor ou incômodos evidentes e, muitas vezes, sem alterações nos parâmetros mais conhecidos de risco, como a pressão intraocular.
Essa característica faz com que muitos pacientes descubram o problema apenas em estágios avançados, quando a visão já foi comprometida.
Pressão intraocular dentro dos padrões normais
De acordo com a Glaucoma.org, o GPN se desenvolve mesmo quando a pressão intraocular está entre 10 e 21 mmHg, faixa considerada dentro do normal. Essa situação cria uma falsa sensação de segurança: o exame de pressão pode indicar valores normais, mas o nervo óptico já apresenta lesões. É essa discrepância que torna o diagnóstico desafiador e explica por que o GPN costuma passar despercebido.
Sintomas iniciais discretos
Outro motivo é a ausência de sinais claros nas fases iniciais. A perda de visão começa de forma periférica e lenta, sem impacto imediato na visão central. O paciente pode conviver com pequenas falhas no campo visual sem perceber, o que leva à chamada progressão silenciosa.
Como não há dor nem inflamação visível, dificilmente o indivíduo relaciona as alterações à possibilidade de glaucoma.
Importância dos exames regulares
Por ser uma condição silenciosa, o acompanhamento com exames periódicos é indispensável. Testes como a campimetria visual, a tomografia de coerência óptica (OCT) e a avaliação clínica detalhada do nervo óptico são fundamentais para detectar os primeiros sinais de dano.
Segundo a Glaucoma.org, apenas um rastreamento oftalmológico completo permite identificar o GPN precocemente e iniciar o tratamento do glaucoma de pressão normal de forma eficaz, preservando a visão a longo prazo.
Fatores de risco associados ao GPN
O glaucoma de pressão normal (GPN) pode se desenvolver em pessoas sem pressão ocular elevada, mas alguns fatores aumentam significativamente a probabilidade de manifestação da doença.
Entender essas condições de risco ajuda médicos e pacientes a manterem uma vigilância mais eficaz, possibilitando um diagnóstico precoce.
Histórico familiar
Ter parentes de primeiro grau com qualquer tipo de glaucoma eleva a chance de desenvolver a doença. A herança genética desempenha papel importante, já que determinadas características estruturais do nervo óptico podem ser transmitidas e favorecer o surgimento do GPN. Por isso, pessoas com histórico familiar devem realizar exames oftalmológicos regulares.
Problemas vasculares
Distúrbios vasculares estão entre os principais fatores associados ao glaucoma de pressão normal. Episódios de pressão arterial baixa, crises de enxaqueca e alterações na circulação ocular podem comprometer a irrigação sanguínea do nervo óptico, tornando-o mais vulnerável a danos mesmo em níveis normais de pressão intraocular.
Idade e predisposição genética
O risco de GPN aumenta com o envelhecimento, principalmente a partir dos 60 anos. Além disso, predisposições genéticas específicas, identificadas em estudos internacionais, apontam que certas variantes hereditárias podem aumentar a susceptibilidade do nervo óptico à lesão.
Essa combinação de idade avançada e fatores genéticos reforça a importância de um rastreamento mais rigoroso em grupos vulneráveis.
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Sintomas e sinais que merecem atenção
O caráter silencioso do glaucoma de pressão normal faz com que seus sintomas passem despercebidos durante muito tempo. Ainda assim, alguns sinais devem acender o alerta, já que indicam danos progressivos ao campo visual e podem evoluir para perda irreversível da visão se não houver tratamento.
Perda gradual da visão periférica
A manifestação mais comum é a redução lenta e contínua da visão lateral. Como esse processo é progressivo, o paciente tende a compensar com a visão central e não percebe a limitação no início. Esse padrão de perda periférica é típico nos diferentes tipos de glaucoma, incluindo o GPN.
Alterações no campo visual
O comprometimento do campo visual pode se apresentar em forma de manchas escuras, pontos cegos ou áreas borradas. Esses sinais aparecem de forma irregular e variam de pessoa para pessoa, o que torna indispensável a realização de testes específicos, como a campimetria, para mapear a extensão da perda.
Dificuldade em identificar no dia a dia
Por ser uma doença de progressão silenciosa, o indivíduo muitas vezes só percebe algo errado quando o glaucoma já está em estágio avançado. Atividades simples, como atravessar a rua ou dirigir, podem se tornar arriscadas quando a visão periférica está comprometida, mas o paciente só nota quando a limitação se agrava.
Esse é o motivo pelo qual consultas regulares são a única forma segura de identificar o problema em tempo hábil.
Como é feito o diagnóstico do glaucoma de pressão normal
O diagnóstico do glaucoma de pressão normal (GPN) exige atenção especial, já que a doença não apresenta o aumento típico da pressão intraocular que costuma levantar suspeitas em outros tipos de glaucoma.
Por esse motivo, os oftalmologistas precisam recorrer a uma combinação de exames que avaliam não apenas a pressão, mas também a estrutura e a função do nervo óptico.
Exames indicados (campo visual, OCT, avaliação do nervo óptico)
A confirmação do diagnóstico de GPN passa por uma série de exames complementares. O teste de campo visual (campimetria) é usado para mapear as áreas de visão comprometida e identificar falhas periféricas. Já a tomografia de coerência óptica (OCT) fornece imagens detalhadas da camada de fibras nervosas, permitindo detectar danos estruturais precoces.
A avaliação clínica do nervo óptico por meio de exame oftalmológico dilatado continua sendo fundamental para observar sinais de atrofia ou escavação aumentada.
Desafios para identificar sem elevação da pressão ocular
O grande obstáculo do diagnóstico está no fato de que a pressão intraocular permanece dentro dos limites normais e pode levar a uma falsa sensação de segurança tanto para o paciente quanto para profissionais menos especializados.
Sem a elevação da pressão como alerta, os indícios da doença se confundem com outras condições oculares ou passam despercebidos.
É por isso que a avaliação oftalmológica periódica e completa é indispensável: apenas com exames específicos é possível diferenciar o GPN de outras alterações visuais e iniciar o tratamento no momento certo, reduzindo o risco de perda irreversível da visão.

Tratamento do glaucoma de pressão normal
O glaucoma de pressão normal (GPN) não tem cura definitiva, mas pode ser controlado com medidas que reduzem o risco de progressão da doença. O objetivo do tratamento é proteger o nervo óptico e preservar o campo visual, mesmo quando a pressão intraocular já se encontra dentro dos padrões considerados normais.
Opções medicamentosas
A principal abordagem envolve o uso de colírios hipotensores oculares, que têm como meta reduzir ainda mais a pressão intraocular. O Collaborative Normal-Tension Glaucoma Study (CNTGS) demonstrou que, quando há progressão comprovada, diminuir a pressão em aproximadamente 30% em relação ao valor inicial pode retardar a taxa de perda de campo visual.
No entanto, o estudo também mostrou que cerca de 12% dos pacientes continuaram a progredir, mesmo com tratamento agressivo.
Controle da progressão da doença
O tratamento do GPN não elimina completamente o risco de avanço da doença. Por isso, o objetivo é reduzir a velocidade da progressão, permitindo que o paciente mantenha sua visão funcional pelo maior tempo possível. Além do controle da pressão intraocular, fatores como distúrbios vasculares e saúde sistêmica também são levados em conta na condução clínica.
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A importância do acompanhamento contínuo
O glaucoma de pressão normal (GPN) exige cuidado constante. Mesmo com tratamento adequado, a doença pode continuar a progredir de forma silenciosa. Por isso, o acompanhamento contínuo não é apenas recomendado, mas indispensável para preservar a visão a longo prazo.
Consultas periódicas
As consultas oftalmológicas devem ser realizadas em intervalos regulares, definidos de acordo com a evolução de cada paciente. Nessas avaliações, o médico repete exames como campimetria visual, OCT e análise do nervo óptico, que permitem identificar qualquer sinal de progressão. O acompanhamento frequente garante que ajustes no tratamento sejam feitos rapidamente, aumentando as chances de estabilizar a doença.
Estilo de vida e cuidados para preservar a visão
Além da adesão às medicações, algumas atitudes no dia a dia ajudam a preservar a saúde ocular. Manter a pressão arterial controlada, evitar tabagismo, cuidar da qualidade do sono e praticar atividades físicas regulares contribuem para melhorar o fluxo sanguíneo ocular.
Esses cuidados não substituem o tratamento médico, mas funcionam como aliados importantes no controle do GPN. Adotar um estilo de vida saudável fortalece a resposta ao tratamento e amplia a proteção da visão.
Preserve sua visão com acompanhamento especializado
O glaucoma de pressão normal pode evoluir silenciosamente e comprometer a visão mesmo com a pressão intraocular dentro dos padrões normais. Consultas periódicas e exames completos são indispensáveis para identificar precocemente a doença e iniciar o tratamento adequado.
Procure um oftalmologista de confiança e garanta o cuidado contínuo com a sua saúde ocular.
Perguntas Frequentes
1. O glaucoma de pressão normal pode causar cegueira?
Sim. Apesar da pressão ocular estar dentro do normal, a doença pode levar à perda progressiva e irreversível da visão se não for tratada.
2. Como descobrir se tenho glaucoma de pressão normal?
Somente com exames oftalmológicos detalhados, como campimetria visual, OCT e avaliação do nervo óptico, é possível confirmar o diagnóstico.
3. O tratamento do glaucoma de pressão normal é diferente dos outros tipos?
Em geral, envolve o uso de colírios para reduzir ainda mais a pressão ocular, além de cuidados com fatores vasculares e acompanhamento regular.
4. Quem tem risco maior de desenvolver esse tipo de glaucoma?
Pessoas com histórico familiar, problemas vasculares (como pressão baixa e enxaqueca) e indivíduos acima de 60 anos estão entre os grupos mais vulneráveis.