Pressão intraocular: o que é, como identificar e tratar essa condição

Olhos azuis com pupila média.

A pressão intraocular (PIO) é a força exercida pelos fluidos dentro do olho, essencial para manter sua forma e funcionamento. Alterações na PIO, como níveis elevados, podem indicar riscos de doenças oculares, como o glaucoma. O controle regular pode prevenir danos à visão.

A pressão intraocular (PIO) é um aspecto fundamental da saúde dos olhos que, quando desequilibrada, pode levar a condições graves, como o glaucoma.

No Brasil, de acordo com dados divulgados pelo Tribunal de Justiça do Piauí, estima-se que cerca de 900 mil pessoas têm a doença, sendo a hipertensão um fator de risco significativo para seu desenvolvimento.

Segundo o Ministério da Saúde, aproximadamente 1,5% da população brasileira apresenta hipertensão ocular, um número que cresce com a idade.

A conscientização sobre a importância da pressão intraocular é essencial, especialmente considerando que muitas pessoas podem não apresentar sintomas em estágios iniciais.

Desse modo, entender o que é sobrecarga, como identificá-la e tratá-la previne a perda de visão e garante a saúde dos olhos a longo prazo.

O que é pressão intraocular e por que ela é importante?

A pressão intraocular (PIO) é a força exercida pelos líquidos internos do olho, especialmente o humor aquoso, sobre as paredes do globo ocular. 

Medida em milímetros de mercúrio (mmHg), ela é fundamental para preservar a forma e o funcionamento do olho, além de proteger o nervo óptico, responsável por transmitir informações visuais ao cérebro. 

Quando a PIO se eleva, pode causar danos irreversíveis ao nervo, resultando em doenças graves. 

O equilíbrio entre a produção e a drenagem do humor aquoso mantém a PIO em níveis adequados, e qualquer desequilíbrio pode levar a pressões excessivas (hipertensão ocular) ou insuficientes (hipotonia), ambas com potenciais riscos à saúde ocular.

Quando normal, a pressão varia entre 10 e 21 mmHg (milímetros de mercúrio). Esse intervalo é considerado saudável para a maioria das pessoas, embora possam ocorrer pequenas variações individuais, sem que isso indique um problema.

Quais os sintomas da pressão intraocular?

Quando elevada (hipertensão ocular) ou muito baixa, a doença pode não apresentar sintomas iniciais. Por outro lado, em casos mais avançados ou severos, emite os seguintes alertas:

Sintomas de elevação (hipertensão):

  • Dor ou desconforto nos olhos;
  • Visão embaçada ou turva;
  • Vermelhidão nos olhos;
  • Sensação de peso nos olhos;
  • Dores de cabeça frequentes;
  • Halos ao redor de luzes (especialmente à noite);
  • Náuseas e vômitos (em casos graves, como no glaucoma agudo).

Sintomas de baixa (hipotonia):

  • Visão embaçada ou turva;
  • Alterações na percepção visual (imagem distorcida);
  • Sensação de “moleza” ou flacidez no olho;
  • Deslocamento de estruturas, como a retina.

Qual a diferença entre hipertensão ocular e glaucoma?

A hipertensão ocular e o glaucoma estão relacionados à pressão intraocular, mas possuem diferenças importantes. Na hipertensão ocular, a PIO está elevada (acima de 21 mmHg), sem causar danos ao nervo óptico ou comprometer a visão. 

Já o glaucoma é uma doença progressiva que danifica o nervo óptico, geralmente associada a uma pressão elevada, embora também possa ocorrer com PIO normal devido a fatores como problemas na circulação sanguínea. 

Esse dano pode resultar na perda irreversível da visão, começando pela periférica. Ambas as condições podem ser assintomáticas nos estágios iniciais, mas o glaucoma, em fases avançadas, gera alterações significativas.

Como a compressão intraocular é medida?

A medição da pressão intraocular é feita por meio de um exame oftalmológico, que utiliza um instrumento chamado tonômetro. Existem diferentes métodos e tipos de tonômetros, mas os mais comuns incluem:

1. Tonometria de aplanação

É o mais utilizado em clínicas e consultórios. Para realizar o exame, o médico aplica um anestésico tópico nos olhos para evitar desconforto. Em seguida, uma pequena sonda plana é encostada suavemente na superfície da córnea. 

A sobrecarga necessária para achatar uma parte da córnea é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). Nesse sentido, quanto maior a carga interna, mais força é necessária para achatar a córnea.

2. Tonometria de não contato

Este método não requer contato direto com o olho. Assim, um jato de ar é direcionado à superfície da córnea, e o tonômetro mede a carga interna com base na forma como a córnea se deforma ao ser atingida pelo ar. É uma forma rápida e indolor de medir a PIO, frequentemente usada em triagens.

3. Tonometria por indentação

Utiliza uma pequena esfera que pressiona a córnea e mede o quanto ela se deforma sob a compressão. Este método é menos comum atualmente.

4. Tonometria por ultrassom

Usa ondas sonoras para medição. Assim, um transdutor é colocado sobre a superfície do olho, e a tensão é calculada com base nas propriedades acústicas da córnea.

Quando a pressão do olho é preocupante?

A pressão ocular é preocupante quando supera 21 mmHg, pois, embora nem todos com hipertensão ocular desenvolvam glaucoma, níveis elevados aumentam o risco de danos ao nervo óptico e à visão. Por ser geralmente assintomática, qualquer um dos sinais abaixo pode indicar problemas e exigir uma avaliação detalhada:

  • Dor ou desconforto;
  • Visão embaçada ou distorcida;
  • Halos ao redor de luzes, especialmente à noite;
  • Dores de cabeça frequentes;
  • Vermelhidão persistente.

Pessoas acima de 40 anos, ou com condições de saúde como diabetes, miopia elevada ou hipertensão sistêmica, têm maior risco de desenvolver glaucoma e devem acompanhar regularmente os fluidos oculares. 

Apesar de menos frequente, a pressão intraocular baixa (inferior a 10 mmHg) também é preocupante, podendo levar a problemas estruturais, como descolamento de retina ou colapso do globo ocular.

O que pode causar alterações na pressão intraocular?

As causas de alteração na pressão intraocular são variadas e vão desde condições médicas até comportamentos e estresse. Aqui está uma lista dos principais fatores que podem influenciar a PIO:

  • Produção e drenagem do humor aquoso;
  • Glaucoma;
  • Inflamações, como uveíte (inflamação da camada média do olho);
  • Trauma;
  • Cirurgias;
  • Certos medicamentos, especialmente os corticosteroides;
  • Enfermidades como diabetes, hipertensão e doenças cardíacas;
  • Mudanças bruscas de posição (como levantar-se rapidamente);
  • Estresse e ansiedade;
  • Envelhecimento.

Quais são as possíveis complicações da pressão intraocular alta ou baixa?

A sobrecarga, associada ao glaucoma, pode causar danos ao nervo óptico e perda irreversível de visão. Se não tratada, afeta a visão periférica e pode resultar em cegueira total.

Além disso, pode causar dor, desconforto, hemorragias retinianas e edema da mácula, resultando em alterações no campo visual.

Por outro lado, a carga interna ocular baixa provoca descolamento da retina, uma condição grave que pode causar perda de visão. Essa situação também leva à diminuição da acuidade visual, com embaçamento ou distorção, e à atração da íris em direção à parte frontal do olho.

Como a pressão dos olhos pode ser controlada ou tratada?

O controle e tratamento dessa condição são importantes para prevenir complicações. Existem várias abordagens que podem ser utilizadas, dependendo da causa e da gravidade da alteração.

1. Medicamentos

Existem diferentes tipos de colírios que podem ajudar a reduzir a PIO, incluindo:

  • Prostaglandinas: aumentam o fluxo de saída do humor aquoso;
  • Beta-bloqueadores: reduzem a produção de humor aquoso;
  • Inibidores da anidrase carbônica: diminuem a produção de líquido;
  • Agonistas adrenérgicos: reduzem a produção de humor aquoso e aumentam o escoamento.

2. Tratamentos a laser

A iridotomia a laser cria uma pequena abertura na íris para drenar o humor aquoso, utilizado principalmente em casos de glaucoma de ângulo fechado. Outro método é a trabeculoplastia a laser, que melhora o escoamento através da malha trabecular, sendo uma opção para glaucoma de ângulo aberto.

3. Cirurgia

A cirurgia filtrante (Trabeculectomia) cria uma nova via para o humor aquoso sair do olho, reduzindo a PIO. Também existem os implantes de drenagem, dispositivos implantados para drenar o líquido e controlar a tensão.

4. Mudanças no estilo de vida

Exercícios regulares auxiliam na administração da elevação da tensão. Além disso, uma dieta equilibrada, rica em frutas e vegetais, pode ter um impacto positivo. Reduzir o consumo de cafeína e evitar posições que aumentem a tensão, como manter a cabeça para baixo por longos períodos, também são boas atitudes.

5. Monitoramento regular

Exames regulares são necessários para monitorar a PIO e ajustar o tratamento, conforme necessário.

Vimos até aqui que a tensão nos olhos é um indicador crucial da saúde, com um papel importante na preservação da visão. Compreender sua importância e reconhecer os sintomas são passos para a prevenção de complicações graves.

Felizmente, existem diversas opções de tratamento e controle para manter os níveis saudáveis, desde medicamentos e procedimentos a laser até mudanças no estilo de vida.

Você que convive com a PIO, não deixe a sua saúde ocular para depois! Na Clínica de Oftalmologia Integrada (COI), oferecemos um atendimento especializado e tecnologia de ponta para cuidar dos seus olhos com segurança e eficácia.

Picture of Dr. Ricardo Filippo

Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.

Comentários