Ceratoglobo: por que a lente escleral é o melhor recurso para correção visual

Olhos claros abertos em preto e branco.

O ceratoglobo é uma condição ocular rara e progressiva que pode levar à perfuração da córnea devido ao seu afinamento extremo, tornando essencial o uso de lentes esclerais, que ajudam a melhorar a acuidade visual e oferecem proteção à membrana ocular fragilizada.

O ceratoglobo, uma condição ocular rara, apresenta um desafio significativo na prática clínica devido à sua complexidade e baixa prevalência, que não é amplamente documentada.

Embora a literatura indique que o ceratocone, uma condição relacionada, afete entre 5 e 23 pessoas a cada 100.000 habitantes, o ceratoglobo é ainda menos comum, tornando necessárias abordagens de tratamento especializadas.

Ele se caracteriza pelo afinamento e pela protrusão da córnea, resultando em graves complicações, incluindo o risco de perfuração da membrana ocular.

Vamos entender as características, os sintomas e as opções de tratamento, com foco na importância das lentes esclerais como uma solução eficaz para a correção visual e a proteção da camada transparente do olho.

O que é ceratoglobo?

O ceratoglobo é uma doença rara e progressiva da córnea, caracterizada por um afinamento e uma protrusão extrema de sua estrutura, resultando em uma forma globosa (mais arredondada e saliente).

Diferentemente do ceratocone, que afeta principalmente o centro ou a parte inferior da camada transparente do olho, no ceratoglobo há o comprometimento de quase toda a membrana ocular, tornando-a extremamente fina e frágil.

Quais são as características do ceratoglobo?

A deformidade corneana pode estar associada a doenças genéticas, como a síndrome de Ehlers-Danlos e a síndrome de Marfan, que afetam o tecido conjuntivo.

Embora sua causa exata não seja totalmente compreendida, acredita-se que exista uma predisposição genética e fatores ambientais envolvidos. Veja as principais características dessa doença, a seguir:

  • Atenuação generalizada da membrana ocular, com espessura muito reduzida (chegando a menos de 200 µm em casos avançados);
  • Protusão acentuada da cobertura ocular, dando a ela um formato mais esférico.
  • Risco elevado de perfuração espontânea, devido à extrema fragilidade da superfície anterior do olho;
  • Baixa acuidade visual, não corrigível com óculos ou lentes de contato convencionais.

Quais são os sintomas do ceratoglobo?

Os sintomas estão relacionados à deformação e ao afinamento excessivo da camada transparente dos olhos, levando a problemas visuais e riscos oculares. Os principais incluem:

  • Visão borrada e distorcida: devido à irregularidade severa da membrana, a visão não melhora com óculos e pode ser difícil de corrigir com lentes de contato convencionais;
  • Fotofobia (sensibilidade à luz): a camada ocular transparente fina e deformada pode causar maior dispersão da luz, aumentando o desconforto visual em ambientes muito iluminados;
  • Aumento do astigmatismo irregular: a forma anormal da cobertura ocular causa astigmatismo, dificultando a adaptação a qualquer correção óptica;
  • Olhos avermelhados e irritação: pode haver sinais de irritação devido ao esforço e ao contato da córnea com a pálpebra de forma irregular;
  • Sensação de corpo estranho ou desconforto: em alguns casos, a membrana muito fina gera desconforto constante;
  • Risco elevado de perfuração espontânea: em estágios avançados, o afinamento extremo da camada transparente do olho pode levar à ruptura, causando dor intensa, perda súbita da visão e necessidade de intervenção emergencial.

Como é feito o diagnóstico do ceratoglobo?

O diagnóstico é feito por um oftalmologista por meio de exames clínicos e de imagem que avaliam a estrutura e a espessura da córnea.

Nestes casos, o exame de biomicroscopia (lâmpada de fenda) permite observar o afinamento extremo da membrana e sua protusão esférica, características marcantes da doença.

A tomografia de córnea (ou topografia corneana de elevação) é essencial para confirmar o diagnóstico, ao mostrar a curvatura exagerada e o afinamento difuso, diferente do padrão encontrado no ceratocone.

Além disso, a paquimetria ultrassônica ou a tomografia de coerência óptica (OCT) mede a espessura da cobertura ocular e revela sua redução significativa, especialmente na periferia.

Em alguns casos, o médico pode solicitar exames genéticos para investigar possíveis síndromes do tecido conjuntivo associadas à deformidade da camada transparente, como a síndrome de Ehlers-Danlos e a síndrome de Marfan.

O diagnóstico precoce é importante, por evitar complicações graves, como a perfuração corneana espontânea, e permite iniciar o tratamento adequado.

Quais são os tratamentos para Ceratoglobo?

O tratamento do ceratoglobo depende da gravidade do caso e do risco de complicações, como a perfuração corneana.

Em estágios iniciais, é possível tentar a adaptação de lentes de contato especiais, como as lentes esclerais, que ajudam a melhorar a acuidade visual ao criar uma superfície óptica regular e proteger a membrana frágil.

Nos casos mais avançados, em que há risco de perfuração ou comprometimento severo da visão, o tratamento principal é o transplante. 

A ceratoplastia penetrante (transplante total) ou a ceratoplastia lamelar profunda (substituição das camadas mais afetadas) são opções utilizadas para restaurar a estrutura da membrana ocular e melhorar a função visual.

Em situações emergenciais, como nos casos de hidropsia corneana (ruptura da membrana de Descemet com edema súbito), pode ser necessário o uso de lentes terapêuticas ou cola biológica para estabilização temporária, até que o transplante seja realizado.

O acompanhamento oftalmológico regular é essencial para monitorar a progressão da doença e evitar complicações graves.

Existem novas pesquisas ou avanços no tratamento do Ceratoglobo?

Atualmente, o ceratoglobo é uma das condições raras da córnea, pouco estudada, e não existem registros recentes de pesquisas ou avanços específicos no tratamento dessa doença.

As abordagens terapêuticas permanecem centradas em medidas tradicionais, como o uso de lentes de contato especiais e, em casos mais graves, o transplante.

Devido à escassez de estudos específicos sobre seu impacto na visão, é necessário que os pacientes mantenham um acompanhamento regular com um oftalmologista especializado para monitorar a progressão e discutir as opções terapêuticas disponíveis.

Diante da complexidade do ceratoglobo e de seus impactos na visão, a lente escleral se destaca como a melhor opção para correção visual. Ao criar uma superfície óptica regular e proteger a córnea fragilizada, melhora significativamente a acuidade e reduz o desconforto dos pacientes.

Embora o transplante seja necessário nos casos mais avançados, a adaptação precoce das lentes esclerais pode adiar procedimentos invasivos e proporcionar mais qualidade de vida a quem convive com essa rara condição.

Agende uma consulta na Clínica de Oftalmologia Integrada (COI) e encontre a melhor solução para sua saúde ocular. Com especialistas experientes em doenças corneanas e tecnologia avançada para diagnóstico e acompanhamento, a COI é referência no tratamento do ceratoglobo. Confira!

Banner com botão para agendar sua consulta.
Picture of Dr. Ricardo Filippo

Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.

Comentários