Graus de miopia: quando é considerado leve, moderado ou grave?

Imagem de uma mulher sorrindo de óculos em uma avenida

Os graus de miopia medem o erro de refração de uma pessoa míope e orientam a escolha do tratamento adequado para corrigir esse problema.

A miopia é um erro refrativo que impede a pessoa de enxergar objetos distantes com nitidez. A gravidade desse problema pode ser avaliada a partir da medição dos chamados graus de miopia. 

Quanto maior esse grau, maior será a dificuldade da pessoa enxergar a distância com nitidez ou e realizar suas atividades rotineiras. 

Neste artigo, explicaremos o que são esses graus de miopia, como eles são medidos, quais fatores influenciam no seu desenvolvimento e como tratar esse problema. Boa leitura!

O que são os graus de miopia?

Os graus de miopia são parâmetros utilizados para medir a gravidade da miopia de uma pessoa. Geralmente, esses graus são medidos em dioptrias (D), que indicam a distância máxima que uma pessoa é capaz de enxergar objetos com nitidez. 

Essas dioptrias são sempre negativas, ou seja, são acompanhadas de números com sinal negativo. Isso diferencia os graus de miopia dos graus de hipermetropia, apresentados sempre com sinal positivo.

Na prática, quem tem 1 grau de miopia (-1,00 D), por exemplo, consegue enxergar com nitidez objetos localizados até um metro de distância. 

Já quem tem 2 graus de miopia (-2,00 D), consegue enxergar com nitidez até 0,5 metro de distância, enquanto quem tem 4 graus de miopia (-4,00 D) só visualiza objetos até 0,25 metros de distância. 

Em outras palavras, quanto maior o número de dioptrias negativas, maior é a severidade da miopia e mais elevada a dificuldade para enxergar para longe. 

Como é feita a medição dos graus de miopia?

A medição desses graus é realizada durante um exame oftalmológico chamado teste de refração ocular. Esse exame pode ser realizado com um autorrefrator, equipamento que detecta automaticamente os graus de erro de refração que a pessoa apresenta. 

Ele também pode ser realizado com um refrator, ferramenta que precisa ser posicionada na frente do rosto do paciente. 

Em seguida, o oftalmologista pede para o paciente falar em voz alta as letras que enxerga no quadro enquanto ajusta manualmente as lentes corretivas que podem corrigir seu erro refrativo. Ou seja, o refrator é usado em conjunto com o teste de Snellen.

Nos dois casos, o valor resultante, medido em dioptrias, indica a quantidade de correção necessária para corrigir a miopia. 

Vale lembrar que, atualmente, os médicos têm realizado os dois tipos de exames de refração para avaliar a capacidade do paciente enxergar a distância com clareza. 

Isso porque o autorrefrator revela um valor bem próximo do real erro refrativo do indivíduo, enquanto o refrator associado ao teste de Snellen ajuda no refinamento dessa medição. Ou seja, o uso do refrator manual é essencial para a identificação do nível de correção que o paciente precisa.

Como os graus de miopia afetam a visão e a qualidade de vida?

A miopia causa uma visão embaçada de objetos distantes, enquanto os objetos próximos podem ser vistos com clareza. Os graus de miopia do paciente determinam como essa visão embaçada ou distorcida para longe compromete a realização de atividades cotidianas. 

Pessoas com miopia leve, por exemplo, normalmente conseguem reconhecer objetos e rostos com alguns metros de distância. 

Isso significa que elas não têm tanta dificuldade para realizar atividades básicas, como ver sinais de trânsito e reconhecer rostos, mesmo quando não usam nenhum recurso de correção visual. 

É claro que sem usar óculos de grau, por exemplo, ela não conseguirá enxergar tão bem quanto alguém sem erros refrativos. Mesmo assim, seu grau de miopia é baixo o suficiente para evitar que ela tenha dificuldade de locomoção, por exemplo.

Já pessoas com miopia grave, ou seja, com grau de miopia elevado, só conseguem enxergar claramente a poucos centímetros de distância. Nesse caso, sem o apoio de um tratamento corretivo, a pessoa terá dificuldade para realizar qualquer atividade, inclusive se locomover com segurança.

Em outras palavras, quanto maior o grau de miopia, maior o comprometimento da autonomia e qualidade de vida do indivíduo. 

Caso a miopia não seja devidamente tratada, a pessoa tende a desenvolver o hábito de apertar os olhos e forçar a visão para enxergar melhor. 

Mesmo que o grau de miopia seja inicialmente baixo, com o tempo, esse comportamento pode desencadear outros problemas oculares, como descolamento de retina, glaucoma, catarata, entre outros.

Portanto, não importa quantos graus de miopia a pessoa tem. Corrigir esse problema é essencial para preservar sua saúde ocular e qualidade de vida. 

Qual a classificação dos graus de miopia?

Os graus de miopia são classificados de acordo com a medição e a severidade do erro refrativo. 

Conforme explicado, essa medição ocorre em dioptrias (D) com números negativos. Quanto mais negativo esse número, maior a gravidade da miopia. 

Considerando essas informações, a miopia é classificada em três níveis diferentes. Entenda cada uma delas a seguir:

  • Miopia leve: -0,25 D a -3,00 D;
  • Miopia moderada: -3,25 D a -6,00 D;
  • Miopia grave: acima de – 6,00 D.

O que determina os graus de miopia de uma pessoa?

Os graus de miopia são determinados principalmente por fatores genéticos, especialmente nos casos de miopia grave. Isso significa que se um ou ambos os pais são míopes, há uma maior probabilidade de que seus filhos também desenvolvam esse problema. 

Normalmente, os primeiros sinais de miopia aparecem durante a infância e a adolescência e podem aumentar até a pessoa iniciar a fase adulta, entre 18 e 21 anos. Nessa fase, os graus normalmente se estabilizam, ou seja, eles não costumam mudar depois dessa idade. 

Além de questões genéticas, o uso constante de dispositivos eletrônicos também tem elevado o número de indivíduos diagnosticados com esse erro refrativo, especialmente entre crianças e adolescentes. A tendência é que esse número aumente nas próximas décadas.

Para se ter uma ideia, estima-se que apenas 10 a 15% da população era míope há 50 anos. Atualmente, cerca de 20% a 30% da população mundial é míope, número que deve saltar para 50% até 2050.

Vale lembrar que traumas oculares e a diabetes também podem levar a pessoa a desenvolver miopia ou agravar seu grau de erro refrativo. 

Esses dados mostram que embora fatores hereditários sejam determinantes na manifestação desse problema, adotar um estilo de vida mais saudável, reduzir o uso de telas e cuidar da saúde ocular é fundamental para prevenir o aumento dos graus de miopia.

Quais os tratamentos disponíveis para corrigir os graus de miopia?

A correção dos graus de miopias pode ser realizada com diferentes tratamentos, incluindo o uso de óculos de grau, lente de contato e cirurgia refrativa.  

Entenda as particularidades de cada um desses tratamentos a seguir.

Óculos de graus

Os óculos podem ser recomendados para pacientes com qualquer grau de miopia. O problema é que, quanto mais elevado o grau, mais grossa será a lente. Essa característica pode prejudicar a autoestima e até o uso adequado desse acessório de correção.

Para evitar esse problema, o ideal é que as lentes utilizadas para a confecção dos óculos sejam escolhidas de acordo com a classificação do grau de miopia. 

Para pessoas com miopia leves, por exemplo, essas lentes podem ser fabricadas em policarbonato, acrílico e trivex. Já para pessoas com miopia grave, lentes em resina ou vidro/cristal são mais indicadas por serem mais finas.

Lente de contato

Existem diferentes tipos de lentes de contato disponíveis no mercado, como lentes descartáveis e lentes de contato tóricas. 

A escolha entre depende da análise de vários fatores, incluindo a presença de outros erros refrativos, como o astigmatismo. Por isso, o ideal é seguir a recomendação do oftalmologista, que indicará a lente mais adequada para cada paciente.

Cirurgia refrativa

A cirurgia refrativa a laser é uma solução definitiva para a correção dos graus de miopia. Esse procedimento atualmente é realizado com o auxílio de técnicas como LASIK, SMILE e PRK, que remodelam a córnea para corrigir o erro refrativo.

A escolha entre esses tratamentos depende de vários fatores, como grau de miopia, idade e preferências do paciente. 

Por isso, é fundamental se consultar com um oftalmologista para obter o diagnóstico correto do erro de refração e receber a orientação adequada sobre como tratar esse problema. 

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Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.

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