A intoxicação por metanol ainda assusta os brasileiros e pode causar danos irreversíveis, como a cegueira
A crise de intoxicação por metanol continua sendo uma ameaça à saúde pública no Brasil, capaz de causar danos graves e permanentes. Atualmente, já foram confirmados mais de 30 casos em pelo menos três estados, e centenas de outros seguem em investigação.
A seguir, vamos explorar os principais riscos da substância, seus efeitos no organismo, formas de exposição, sintomas, diagnóstico, tratamento e medidas de prevenção de acidentes para evitar novas ocorrências de envenenamento por metanol.
O que é o metanol
O metanol, também chamado de álcool metílico, é um líquido com propriedades físicas semelhantes às do etanol (álcool etílico), presente nas bebidas alcoólicas, mas com toxicidade e finalidade diferentes. É altamente perigoso para o consumo humano, causando danos mesmo em pequenas quantidades.
Quimicamente, é um álcool simples, formado por carbono, hidrogênio e oxigênio (CH₃OH), utilizado em combustível, solventes industriais e produtos laboratoriais. Seu manuseio exige cuidado rigoroso devido à toxicidade do metanol. As principais características são:
- Líquido incolor, de odor levemente adocicado;
- Altamente inflamável e volátil;
- Solúvel em água e em diversos solventes orgânicos;
- Evapora rapidamente em temperatura ambiente;
- Extremamente tóxico por ingestão, inalação ou contato com a pele;
- Queima com chama quase invisível, dificultando sua detecção visual.
Apesar de sua aparência inofensiva, o metanol é perigoso e deve ser restrito a ambientes controlados, nunca destinado ao consumo humano.

Para que o metanol é usado
O metanol é fundamental para a indústria moderna, devido à sua versatilidade química, sendo utilizado em:
- Indústria química e farmacêutica: como reagente e solvente industrial em sínteses e formulações;
- Produção de biodiesel e solventes: componente essencial na transesterificação e diluição de substâncias;
- Fabricação de plásticos e tintas: na produção de formaldeído, resinas e pigmentos sintéticos;
- Combustível e aditivo automotivo: como alternativa energética ou para melhorar a queima de combustíveis, também presente em anticongelantes.
O uso seguro do metanol depende de controle rigoroso, dada sua toxicidade elevada.
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Por que o metanol é perigoso para a saúde
Mesmo pequenas quantidades ingeridas, inaladas ou absorvidas pela pele podem causar intoxicação grave. No organismo, ele é metabolizado em formaldeído e ácido fórmico, desencadeando acidoformação (acidose metabólica), que prejudica órgãos vitais.
Os efeitos podem surgir de 12 a 24 horas após a exposição, dificultando o diagnóstico precoce. Em geral, o envenenamento por metanol afeta o corpo da seguinte forma:
- Fígado: problemas hepáticos como sobrecarga metabólica, inflamação ou falência em casos graves;
- Sistema nervoso central: confusão mental, convulsões e até coma devido aos danos celulares;
- Rins: insuficiência renal ao tentar eliminar substâncias tóxicas;
- Nervo óptico: lesão irreversível, podendo causar cegueira parcial ou total por metanol;
- Sistema respiratório e cardiovascular: acidose que prejudica a troca de oxigênio, causando dificuldade respiratória, arritmias e queda de pressão.

A rapidez no atendimento é crucial para reduzir danos, sendo essencial que qualquer suspeita de intoxicação seja tratada imediatamente por profissionais de saúde.
Como ocorrem os casos de intoxicação por metanol
A intoxicação por metanol pode ocorrer em contextos ocupacionais, pelo contato prolongado com vapores ou líquidos sem proteção, ou pelo consumo de álcool adulterado.
A crise recente em São Paulo evidenciou o risco de intoxicação em larga escala quando o metanol é usado ilegalmente.
- Misturas ilegais em bebidas: bebidas artesanais adulteradas com metanol no lugar do etanol, possivelmente relacionado a combustíveis.
- Exposição ocupacional: trabalhadores de indústrias químicas ou laboratórios expostos sem EPIs adequados.
A combinação de intoxicações acidentais e criminosas reforça a necessidade de fiscalização rigorosa e conscientização sobre os riscos.
Sintomas da intoxicação por metanol
A intoxicação pode se desenvolver de forma lenta ou rápida, dependendo da quantidade e do tempo de exposição. Os sinais iniciais são muitas vezes inespecíficos, mas podem evoluir rapidamente:
- Dor de cabeça, tontura e fraqueza: indicam alteração no sistema nervoso central;
- Náusea, vômito e dor abdominal: efeitos gastrointestinais comuns, acompanhados de mal-estar;
- Alterações visuais: visão embaçada, sensibilidade à luz ou perda parcial da visão;
- Convulsões e coma: geralmente associadas à ingestão de grandes quantidades ou atraso no tratamento.

Como é feito o diagnóstico e tratamento
O diagnóstico envolve a avaliação clínica de sinais de alerta e exames laboratoriais que confirmam a presença de metanol, avaliam a acidose metabólica e monitoram a função renal.
O tratamento inclui suporte clínico, antídoto para metanol (fomepizol ou etanol) via oral ou intravenosa, além de hemodiálise nos casos graves.
- Suporte clínico inicial: estabilizar respiração, pressão arterial, corrigir desequilíbrios ácido-base e garantir hidratação.
- Bloqueio da formação de substâncias tóxicas: fomepizol ou etanol farmacêutico para impedir a conversão do metanol em formaldeído e ácido fórmico.
- Hemodiálise: remoção rápida do metanol e metabólitos em casos graves.
Adjuvantes como bicarbonato de sódio, folato, tiamina e piridoxina podem ajudar a neutralizar efeitos tóxicos e corrigir alterações metabólicas.
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O que fazer em caso de suspeita de intoxicação
Diante de suspeita de intoxicação por metanol, é fundamental agir rápido e com segurança:
- Não ingerir mais líquidos nem induzir vômito;
- Buscar imediatamente pronto-socorro ou emergência médica;
- Levar embalagem ou amostra da substância ingerida, se possível;
- Acionar o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox) pelo 0800 722 6001.
Como prevenir novos casos de intoxicação
Enquanto a crise ainda exige atenção, medidas preventivas são essenciais:
- Evitar o consumo de bebidas de origem desconhecida, como destilados ilegais;
- Comprar produtos e combustíveis apenas de fontes certificadas;
- Usar equipamentos de proteção individual em atividades industriais;
- Apoiar fiscalização rigorosa da produção e venda de álcool industrial.
Esses cuidados ajudam a proteger a saúde tanto no consumo de bebidas quanto no manuseio de produtos químicos.
Informação salva-vidas: denuncie e oriente
A conscientização é fundamental para prevenir intoxicações por metanol. Compartilhar informações corretas sobre riscos e sinais de alerta ajuda a proteger familiares, amigos e a comunidade.
Denunciar produtos suspeitos e orientar sobre cuidados no consumo e no trabalho com solventes industriais completa o ciclo de prevenção, educação e fiscalização.
Para cuidar da sua saúde ocular, agende uma consulta com a COI (Clínica Oftalmológica Integrada) para avaliar a visão e acompanhar casos de risco, oferecendo orientação profissional segura e adequada.
No entanto, vale ressaltar que diante de qualquer suspeita de intoxicação por metanol, a situação deve ser tratada como emergência médica. Procure ajuda imediata e siga as orientações de profissionais de saúde.