Cirurgia extracapsular: quando é a melhor opção para o tratamento da catarata?

foto representativa de cirurgia ocular, com pinça e bisturi

A cirurgia extracapsular remove a parte central do cristalino que ficou turva. Para isso, o cirurgião insere uma lente artificial no lugar da anterior, restaurando a visão. Apesar de eficiente, essa operação é feita apenas quando a facoemulsificação é inviável, por ser mais invasiva.

Realizar uma cirurgia extracapsular e curar a catarata de uma vez por todas é o sonho de muitas pessoas. Para elas, esse procedimento é a única alternativa viável, visto a progressão da doença e as restrições de um procedimento de facoemulsificação.

Com números alarmantes, principalmente na população idosa, a catarata causa a perda progressiva da visão, prejudicando as tarefas diárias e reduzindo a autonomia.

Felizmente, a intervenção cirúrgica extracapsular tem se mostrado eficiente, especialmente para casos nos quais a catarata está muito densa ou quando outras abordagens não são recomendadas. 

Neste texto, exploraremos em quais situações a cirurgia na modalidade extracapsular é a melhor opção para tratar a catarata, e como ela pode ajudar a devolver qualidade de vida ao paciente. Confira!

O que é a cirurgia extracapsular?

É uma técnica utilizada para a remoção do cristalino danificado do olho, indicada no tratamento da catarata. Durante esse procedimento, o núcleo do cristalino opaco é removido em uma única peça, enquanto a cápsula posterior do cristalino é preservada para servir de suporte à lente intraocular (LIO), inserida no olho após a remoção da catarata. 

Essa técnica requer uma grande incisão na córnea ou esclera, de cerca de 10 a 12 mm, para permitir a retirada do núcleo em uma peça única. Em seguida, o restante do cristalino é aspirado, e a lente intraocular é colocada para restaurar a visão.

Comparada com outras técnicas cirúrgicas, como a facoemulsificação, a cirurgia extracapsular apresenta diferenças significativas. Isso porque ela exige uma incisão menor (cerca de 2 a 3 mm) e usa ultrassom para fragmentar o cristalino antes de aspirá-lo. 

Isso faz da facoemulsificação uma técnica menos invasiva, proporcionando uma recuperação mais rápida, com menos complicações, em comparação com a extracapsular. 

Por outro lado, esse segundo método exige uma incisão maior, resultando em um tempo de recuperação mais longo.

Quando considerar a cirurgia extracapsular?

A operação extracapsular deve ser considerada em situações específicas, avaliadas por um oftalmologista capacitado. É ele quem dirá quais são as particularidades e o estado da sua catarata, além de recomendar as alternativas viáveis para tratá-la.

Comumente, os casos que exigem a modalidade extracapsular são:

  • Cataratas avançadas ou densas: quando a catarata está muito opaca ou endurecida, a fragmentação do cristalino pelo ultrassom usado na facoemulsificação torna-se difícil ou impossível. Nesses casos, a cirurgia extracapsular é uma opção mais segura;
  • Complicações associadas: pacientes que apresentam outras condições oculares, como glaucoma ou luxação do cristalino, tem dificuldade na aplicação de técnicas menos invasivas, tornando a extracapsular uma alternativa mais adequada;
  • Pacientes com condições médicas específicas: em alguns casos, pacientes podem ter córneas frágeis ou outras condições sistêmicas, como doenças cardiovasculares ou diabete mal controlado, que limitam a possibilidade de realizar procedimentos como a facoemulsificação.

Cuidados pré e pós-operatórios na cirurgia extracapsular

Antes da realização da cirurgia alguns exames são necessários, como o de acuidade visual, responsável por avaliar a gravidade da catarata e o nível de comprometimento da visão. Além dele, o paciente é submetido a:

  • Exame oftalmológico completo: com o mapeamento de retina, tonometria (medida da pressão intraocular), e biometria, que determina o poder da lente intraocular que será implantada;
  • Exames gerais de saúde: incluindo hemograma, glicemia, e eletrocardiograma, para garantir que o paciente esteja em condições de realizar a cirurgia; bem como testes específicos para condições crônicas, como hipertensão e diabete.

Uso de medicações e cuidados gerais

Se o paciente usa anticoagulantes ou medicamentos que interferem na coagulação do sangue, pode ser necessário interrompê-los alguns dias antes da cirurgia, conforme orientação do médico.

O cirurgião também deve prescrever colírios antibióticos e anti-inflamatórios alguns dias antes da cirurgia, para prevenir infecções e preparar o olho.

Dependendo da necessidade, o paciente pode ser instruído a realizar jejum de 6 a 8 horas antes da cirurgia, especialmente se for feita sob anestesia geral.

É importante ir acompanhado no dia do procedimento, usar roupas confortáveis e evitar maquiagem e cosméticos no rosto, especialmente ao redor dos olhos.

Cuidados pós-cirurgia de catarata

Os colírios antibióticos e anti-inflamatórios, prescritos pelo oftalmologista, são essenciais para prevenir infecções e reduzir inflamações no olho operado, e costumam ser usados por algumas semanas após a cirurgia. Além deles, alguns lubrificantes podem ser prescritos para aliviar o desconforto e ressecamento ocular.

Se necessário, o médico indica analgésicos para aliviar dor ou desconforto leve, mas a dor intensa não é comum.

Fique de olhos nos sinais de alerta após a cirurgia, como:

  • Dor aguda e persistente no olho;
  • Vermelhidão excessiva ou inchaço que não passam;
  • Visão turva prolongada;
  • Sensibilidade extrema à luz;
  • Aparecimento de flashes e sombras.

Cuidados adicionais pós-cirurgia

O principal cuidado após a operação é evitar coçar ou esfregar o olho, já que isso pode causar deslocamento da lente intraocular ou lesões na área operada, prejudicando o resultado conquistado. Além disso, o paciente precisa:

  • Usar um protetor ocular durante a noite nas primeiras semanas e óculos de sol ao sair durante o dia, para proteger o olho da luz e de impactos;
  • Evitar atividades intensas e levantar peso nas primeiras semanas, pois isso pode aumentar a pressão ocular;
  • Manter as consultas de acompanhamento, para o oftalmologista monitorar a recuperação e faça ajustes na medicação, caso seja necessário.

Quanto tempo tem que ficar de repouso depois da cirurgia de catarata?

Uma ótima notícia é que a cirurgia extracapsular tem recuperação progressiva, com resultado satisfatório em apenas duas ou quatro semanas. 

Basta que o paciente siga o tempo de repouso imediato recomendado de um a dois dias, durante os quais deve evitar qualquer atividade física intensa ou esforço que aumenta a pressão ocular. 

Quais são os tipos de cirurgia de catarata?

Para que mais pessoas tenham a chance de fazer um tratamento para catarata, a medicina dos olhos desenvolveu cinco diferentes métodos de operação para retirada do cristalino danificado e inserção de um lente nova, capaz de restaurar a visão embaçada. 

As listamos logo abaixo:

1. Facoemulsificação

    É a técnica mais comum e moderna, que usa um dispositivo de ultrassom para fragmentar o cristalino opaco em pequenos pedaços, aspirados do olho. Após a remoção do cristalino, uma lente intraocular (LIO) é inserida. Essa técnica é minimamente invasiva e resulta numa recuperação mais rápida.

    2. Cirurgia extracapsular

      Escolhida como foco central nesse artigo, a abordagem extracapsular parte de uma incisão maior, feita na parte frontal do olho para remover o centro do cristalino afetado, deixando a cápsula externa intacta. É indicada quando a catarata é muito densa ou quando a facoemulsificação não é viável.

      3. Cirurgia intracapsular

        Neste procedimento, tanto o cristalino quanto a cápsula que o envolve são removidos. Este tipo de cirurgia é menos comum atualmente, mas pode ser usado em casos específicos, como cataratas muito densas ou complicações associadas.

        4. Cirurgia de catarata com laser (laser de femtosegundo)

          Usa um laser para realizar algumas etapas da cirurgia, como a incisão na córnea e a fragmentação do cristalino, oferecendo maior precisão em algumas etapas. Por outro lado, esse procedimento é relativamente novo e pode não estar disponível em todos os locais.

          5. Cirurgia de catarata secundária (capsulotomia)

            Embora não seja uma cirurgia de catarata original, este procedimento é realizado quando ocorre opacificação da cápsula posterior, após a cirurgia de catarata inicial. A capsulotomia, realizada com laser, cria uma abertura na cápsula opaca para restaurar a visão.

            Importância da escolha do oftalmologista

            Escolher um oftalmologista especializado em catarata é uma decisão importante, que influencia os resultados da cirurgia e a recuperação do paciente. 

            Ao fazer essa escolha, é fundamental considerar a experiência do médico no procedimento extracapsular, incluindo sua formação, especialização e o número de cirurgias realizadas. 

            Oftalmologistas com ampla experiência tendem a ter melhores resultados e taxas mais baixas de complicações.

            Outros fatores a serem considerados são a avaliação e recomendações de outros pacientes. Pesquisar depoimentos online e consultar plataformas de saúde pode fornecer insights valiosos sobre a experiência de outros pacientes, desde o atendimento inicial até o acompanhamento pós-cirúrgico. 

            Durante a consulta inicial, aproveite para fazer perguntas sobre a abordagem do médico e avaliar sua comunicação, pois isso pode indicar sua disposição para se envolver no cuidado com o paciente.

            Este artigo nos mostrou que a cirurgia extracapsular é uma alternativa valiosa no tratamento da catarata, especialmente em casos onde a facoemulsificação não é viável. 

            Apesar de ser um procedimento mais invasivo, suas indicações garantem a recuperação da visão em pacientes com cataratas densas ou complicações oculares. 

            O sucesso da operação depende não apenas da técnica cirúrgica, mas também da escolha de um oftalmologista experiente, que conduz a avaliação pré-operatória para determinar quando fazer a cirurgia da catarata e os cuidados pós-operatórios adequados. 

            Ao considerar as opções de tratamento para a catarata, é essencial buscar informações e orientações especializadas, garantindo assim os melhores resultados e a segurança do paciente. 

            A Clínica de Oftalmologia Integrada é um espaço especializado em cuidados para a saúde ocular, incluindo diagnóstico, tratamento e cirurgia de diversas condições, incluindo catarata. Se você precisa de ajuda, podemos te dar todo o apoio necessário!

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            Dr. Ricardo Filippo

            Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.
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