Conheça os sintomas e causas da catarata infantil

Olho direito de uma criança.

A catarata infantil é uma das principais responsáveis pela cegueira na infância. Entenda como identificar essa doença, qual o seu tratamento e quais cuidados ajudam a evitá-la.

Embora seja mais comum entre os adultos, as crianças também podem desenvolver catarata. Também conhecida como catarata infantil, a doença provoca a perda da transparência do cristalino. 

Como resultado, a criança passa a ter dificuldade de receber estímulos visuais, o que atrapalha seu desenvolvimento ocular e motor. Em casos graves e quando não tratada, a doença pode provocar a perda total da visão. 

Para se ter uma ideia, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 8% dos casos de cegueira na infância registrados na América Latina são causados pela catarata infantil. No entanto, esses números podem ser ainda maiores.

Apesar da gravidade da doença, a catarata pode e deve ser identificada e tratada em crianças. E o primeiro passo para isso é entender o que é, o que causa e quais os sintomas dessa doença.

Neste artigo, explicaremos tudo o que você precisa saber sobre catarata infantil, incluindo causas, sinais, tipos, tratamentos e cuidados preventivos.

Acompanhe a leitura!

O que é catarata infantil?

A catarata infantil é uma doença ocular que provoca a perda de transparência do cristalino, que é a lente natural do olho e está localizada atrás da pupila. 

Como resultado, as crianças que desenvolvem essa condição apresentam um cristalino opaco, comprometendo sua visão.

Essa doença pode comprometer apenas um olho (catarata unilateral) ou os dois (catarata bilateral). Além disso, ela pode provocar o desenvolvimento de problemas oculares secundários, como estrabismo e nistagmo. 

Em casos mais graves, ela também pode causar a cegueira na infância, condição que pode ser evitada se a doença for identificada e tratada corretamente.

Quais são os tipos de catarata infantil?

Existem dois tipos de catarata infantil: congênita ou adquirida. 

A catarata congênita é aquela cujos sinais o bebê já apresenta quando nasce ou desenvolve logo após seu nascimento. 

Já a catarata adquirida ocorre quando a criança desenvolve os sintomas da doença nos primeiros anos de vida. 

O que causa catarata em criança?

A maioria dos casos de catarata infantil não tem uma causa definida. No entanto, os médicos já sabem que a doença pode estar relacionada a diversos fatores, tais como:

  • Fatores genéticos, como síndrome de Down e síndrome de Bardet-Biedl;
  • Distúrbios metabólicos na gravidez, como galactosemia, hipoglicemia e hipocalcemia;
  • Infecções intrauterinas, como rubéola, herpes e toxoplasmose;
  • Uso de medicamentos durante a gravidez, como corticosteroides e clorpromazina;
  • Lesões oculares causadas por acidentes, quedas ou outros tipos de trauma ocular;
  • Outras doenças oculares, como tumor intraocular e retinopatia da prematuridade.

Esses fatores também influenciam no tipo de catarata que a criança vai desenvolver. 

Em geral, a catarata congênita é associada a distúrbios desenvolvidos durante a gravidez, fatores genéticos e hereditários, bem como infecções intrauterinas. 

Já a catarata adquirida é normalmente causada por lesões oculares provocadas por traumas, infecções oculares e diabetes.

Independentemente da causa, a doença deve ser avaliada e tratada por um oftalmologista especializado em pediatria.

 O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para melhorar a saúde visual na infância.

Sinais e sintomas da catarata infantil

O principal sintoma da catarata infantil é a opacidade no olho, como se houvesse uma película sobre o globo ocular. 

No entanto, existem outros sinais de problemas oculares em crianças que podem indicar o desenvolvimento da doença.

Confira abaixo a lista completa com os principais sintomas da catarata infantil:

  • Pupila esbranquiçada (leucocoria);
  • Dificuldade para encontrar objetos enquanto engatinha;
  • Dificuldade para fixar os olhos em objetos;
  • Maior sensibilidade à luz (fotofobia);
  • Problemas oculares secundários, como estrabismo e nistagmo (movimentos involuntários e repetitivos dos olhos);
  • Alterações na forma como a criança tateia e pega objetos;
  • Atraso no desenvolvimento visual e motor da criança, afetando suas habilidades visuais e cognitivas.

Vale lembrar que é importante ficar atento a qualquer mudança no comportamento ou nos olhos da criança. Afinal, alguns desses sinais também podem estar associados a outros problemas oculares. 

Por isso, caso seja identificada alguma anormalidade, é fundamental consultar um oftalmologista pediátrico e investigar a condição da criança. 

Como fazer o diagnóstico precoce da doença?

O teste do reflexo vermelho, também conhecido como teste do olhinho, é a principal forma de diagnóstico da catarata congênita. 

A partir desse exame, o pediatra pode identificar alterações no cristalino do bebê, desde uma pequena opacidade da cápsula anterior (reflexo) até uma opacidade total do cristalino. 

Quanto maior o grau de opacificação do cristalino, maior a chance de a doença causar problemas funcionais de desenvolvimento. 

Por conta da sua importância, o teste do reflexo vermelho é realizado nos bebês ainda na maternidade, nas primeiras 24 horas após o parto. 

Além disso, o pediatra deve repetir esse exame nas consultas da criança ao longo do seu primeiro ano de vida.

Ao identificar qualquer alteração, o pediatra encaminha o bebê com urgência para o oftalmologista pediátrico, que poderá realizar outros exames oftalmológicos para crianças.

Além do teste do olhinho, o diagnóstico da catarata infantil também exige o monitoramento da saúde da gestante e do feto. Afinal, a doença pode ser causada por inúmeros fatores, inclusive genéticos e metabólicos. 

Por isso, é fundamental fazer o acompanhamento pré-natal e mapear, ainda no ventre, possíveis deficiências ou disfunções que o bebê pode apresentar. 

Dessa forma, é possível corrigir ou minimizar problemas que afetam a saúde visual na infância.

No entanto, caso a criança sofra alguma lesão ocular causada por traumas ou outras doenças sistêmicas, os pais devem ficar atentos ao desenvolvimento de sintomas da catarata adquirida.

De qualquer forma, caso a criança apresente qualquer anormalidade que afete sua visão e o comportamento, é fundamental procurar um oftalmologista para a realização de outros exames.

Como é o tratamento da catarata infantil?

O tratamento da catarata infantil depende da gravidade da doença, do tipo de catarata e da idade da criança. Portanto, nem sempre a cirurgia será recomendada.

Caso a criança seja diagnosticada com uma catarata pequena, que comprometa parcialmente sua visão, o tratamento consiste em uma abordagem clínica. 

Ou seja, além do monitoramento da saúde visual da criança, o oftalmologista pode recomendar o uso de óculos, tampão ou colírios específicos.

No entanto, quando a catarata impede significativamente o desenvolvimento visual da criança, o oftalmologista pode indicar a realização de uma cirurgia.

Como é a cirurgia de catarata em crianças? 

As técnicas utilizadas na cirurgia de catarata em crianças variam de acordo com a gravidade da doença, a idade do paciente e se a catarata é unilateral ou bilateral.

Em geral, o médico faz uma incisão no olho para remover todo o cristalino com catarata através de uma pequena incisão no olho. 

Para isso, ele pode utilizar técnicas como facoemulsificação e facectomia extracapsular. Dependendo do caso, o oftalmologista também pode implantar uma lente intraocular durante a cirurgia. 

Porém, normalmente esse implante só é feito após o bebê completar 6 meses de idade. Nesse caso, ele deverá ser submetido a uma nova cirurgia. Até lá, a criança deve utilizar uma lente de contato rígida para corrigir a visão.

É importante lembrar que o tempo entre o diagnóstico e a realização da cirurgia de catarata em crianças influencia no sucesso do tratamento. 

No caso da catarata congênita unilateral, o ideal é que o procedimento seja realizado antes de completar seis semanas de vida. Já no caso da catarata bilateral mais grave, a cirurgia deve ser feita antes da criança completar doze semanas de vida.

Quais são os riscos da cirurgia de catarata em crianças?

A cirurgia de catarata em crianças é um procedimento seguro. Porém, assim como qualquer procedimento cirúrgico, ela também envolve riscos. 

Normalmente, os riscos associados a este tipo de cirurgia são infecções oculares, descolamento de retina, desenvolvimento de glaucoma ou opacidade capsular e vítrea, entre outros.

Vale lembrar que esses riscos caem significativamente quando a criança é operada e acompanhada por um oftalmologista experiente e qualificado para o procedimento.

Quais são os cuidados pós-cirúrgicos?

Após realizar a cirurgia de catarata, a criança deve passar por um processo de reabilitação visual, que pode exigir o uso de óculos, lentes de contato, tampão e exercícios que estimulem a visão.

Além disso, a recuperação da sua saúde ocular deve ser acompanhada pelo oftalmologista ao longo de várias consultas. 

Assim, o médico poderá realizar exames como avaliação da parte anterior do olho, medida da pressão intraocular, acuidade visual exame do fundo do olho e refração. 

O ideal é que esse monitoramento seja feito a longo prazo, até a criança atingir a idade adulta, já que o retorno da visão ocorre de forma gradual e varia de acordo com a criança.

Como prevenir e reduzir o risco de catarata infantil? 

A catarata infantil pode ser causada por fatores genéticos, congênitos ou desconhecidos, nem sempre é possível prevenir o desenvolvimento da doença. 

No entanto, existem algumas medidas que podem ajudar a reduzir o risco da catarata, facilitar o diagnóstico precoce e melhorar a saúde visual das crianças.

Confira abaixo quais medidas podem ajudar o desenvolvimento da catarata em crianças.

Faça o acompanhamento pré-natal

Uma das medidas mais importantes para prevenir a catarata congênita é fazer o acompanhamento pré-natal. 

Durante esse processo, a gestação deve fazer vários exames, incluindo testes que permitem a detecção de possíveis alterações metabólicas e infecções congênitas. 

Caso alguma alteração seja detectada, o médico pode propor medidas para solucionar ou minimizar os problemas.

Ao longo da gestação, a mulher também precisa manter a vacinação em dia, especialmente contra doenças infecciosas como a rubéola. 

Além de proteger da própria grávida, a imunização adequada protege o bebê de doenças que provocam o desenvolvimento da catarata, entre outros problemas.

Leve a criança para uma consulta com o oftalmologista

Assim como os adultos, bebês e crianças devem fazer exames oftalmológicos de rotina. Esse acompanhamento é ainda mais importante caso exista histórico de catarata ou outros problemas oculares na família. 

Dessa forma, é possível identificar qualquer anormalidade de forma precoce, realizar o tratamento adequado e proteger a saúde ocular da criança.

Caso a criança sofra alguma lesão ocular, deve ser levada para avaliação médica o mais rápido possível. 

Nesse caso, o acompanhamento com oftalmologista também é fundamental para evitar complicações que possam levar ao desenvolvimento de catarata.

Ficou com alguma dúvida sobre a catarata infantil ou precisa de um atendimento especializado? Entre em contato com a equipe da Clínica de Oftalmologia Integrada e agende já sua consulta!

Dr. Ricardo Filippo

Dr. Ricardo Filippo

CRM: 5281096-7 | RQE: 17512. Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Veja informações sobre sua experiência na área.

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