Tipos de Catarata: conheça 10 tipos e seus principais sintomas

Imagem de uma médica examinando o olho de uma paciente

Os tipos de catarata se diferenciam em função da estrutura afetada ou dos fatores que contribuem para o seu desenvolvimento. Conhecê-los é fundamental para entender as características, o diagnóstico e o tratamento dessas doenças.

Existem diferentes tipos de catarata que podem atingir tanto pessoas mais jovens quanto mais velhas. A catarata é uma doença ocular que afeta o cristalino, a lente natural do olho. Por diversos fatores, esse cristalino se torna progressivamente mais opaco, prejudicando a visão do paciente. Em casos graves, a doença pode levar à perda da visão.

Para se ter uma ideia da gravidade do problema, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 51% dos casos de sintomas de cegueira no mundo são causados pela catarata. Apesar da gravidade da doença, muitas pessoas ainda acreditam que é um problema ocular que atinge apenas os idosos. No entanto, isso não é verdade. Existem diferentes tipos de catarata, e algumas variações da doença podem afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças.

Conhecer esses diferentes tipos é fundamental para entender os sintomas, o diagnóstico, o tratamento e até as formas de prevenção da doença. Neste artigo, explicaremos as diferenças e como eles afetam a visão das pessoas.

O que é a catarata?

Imagine que seus olhos são como uma câmera fotográfica. Para ver claramente, a lente da câmera precisa ser transparente e limpa. Nos nossos olhos, essa lente natural é chamada de cristalino, que normalmente é transparente e ajuda a focar a luz para formar imagens nítidas na retina, a parte do olho que envia as imagens para o cérebro.

A catarata ocorre quando o cristalino começa a ficar turvo ou opaco, como uma janela de vidro que fica embaçada ou suja, dificultando a visão clara. Essa opacidade impede que a luz passe corretamente até a retina, causando visão embaçada ou distorcida.

Existem diferentes tipos, mas, de forma geral, seus sintomas incluem visão embaçada, dificuldade para enxergar em ambientes pouco iluminados, sensibilidade à luz e percepção de cores menos vivas ou desbotadas.

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Quais são os tipos de catarata?

Existem diferentes tipos de catarata, que podem ser classificados de acordo com as estruturas afetadas ou os fatores que contribuíram para seu desenvolvimento. Esses fatores influenciam os sintomas e a evolução do problema ocular. 

Cada tipo de catarata pode exigir cuidados específicos, tornando fundamental conhecê-los para um diagnóstico e tratamento adequados. A seguir, conheça as variações e os sintomas dos diferentes tipos de catarata.

1. Catarata Congênita

A catarata congênita é uma doença identificada desde o nascimento do bebê ou durante seu primeiro ano de vida. Essa condição pode afetar apenas um olho (unilateral) ou ambos os olhos (bilateral).

Também conhecida como catarata infantil, essa condição pode ter origem multifatorial. Normalmente, ela resulta de mutações genéticas ocorridas durante a gestação, causadas por infecções como rubéola ou pelo abuso de substâncias como álcool e drogas.

Um dos sinais mais importantes para o diagnóstico desse tipo é a pupila com aspecto esbranquiçado (leucocoria), em vez do reflexo róseo característico dos bebês recém-nascidos. Assim que for diagnosticada, a catarata congênita deve ser tratada o mais rápido possível.

Durante as fases iniciais da doença, quando o problema não oferece risco ao bebê, o tratamento pode ser feito por meio do uso de colírios e óculos especiais. Porém, se houver risco de comprometimento da visão da criança, o tratamento deve ser cirúrgico.

2. Catarata traumática

A catarata traumática é causada por lesões ou trauma ocular, como contusões ou perfurações. O problema ocorre devido à inflamação e espessamento das fibras do cristalino, resultante do impacto da lesão, tornando-o opaco.

Os sintomas incluem visão nublada, excesso de brilho, alterações frequentes de erros de refração, visão dupla, dificuldade para dirigir e enxergar de perto, entre outros sinais. Geralmente, ocorre apenas no olho atingido.

Qualquer pessoa pode desenvolver essa catarata, independentemente da idade, já que traumas oculares podem ocorrer em qualquer fase da vida. A doença pode demorar meses ou anos após o trauma para se manifestar.

Portanto, é essencial que pessoas que sofrem trauma ocular façam acompanhamento oftalmológico regular para diagnóstico precoce da catarata. O tratamento inclui o uso de colírios anti-inflamatórios e, se necessário, cirurgia de catarata.

3. Catarata secundária

A catarata secundária é uma condição desencadeada por outros problemas de saúde, como diabetes e o uso prolongado de medicamentos. Medicamentos que contêm corticoides e esteroides, por exemplo, aumentam as chances de desenvolvimento da catarata secundária. 

Essa condição também pode resultar de outros problemas oculares, como glaucoma, uveíte e alta miopia. Em casos raros, também pode ocorrer em pacientes que já se submeteram à cirurgia de catarata, geralmente anos após o procedimento.

Os sintomas são praticamente os mesmos associados à catarata traumática. Em todos os casos, a opacificação do cristalino deve ser tratada com cirurgia. Além disso, é necessário adotar medidas para tratar os fatores que desencadearam o problema, como controlar a diabetes, tratar o glaucoma ou trocar a medicação.

4. Catarata senil

A catarata senil é resultado do processo natural de envelhecimento dos olhos. Caracteriza-se pelo espessamento gradual e progressivo do cristalino, que perde sua transparência ao longo dos anos. 

Por isso, também é conhecida como catarata do idoso ou catarata relacionada à idade, sendo comum principalmente em pessoas a partir dos 50 anos. O problema pode se agravar após os 60 ou 65 anos de idade, especialmente em pacientes com fatores de risco como diabetes.

Pacientes diagnosticados com catarata senil apresentam sintomas semelhantes aos da catarata traumática e secundária. Nos estágios iniciais da doença, é recomendável o uso de óculos de sol e de leitura, além de investir na iluminação do ambiente para aliviar os sintomas. Entretanto, em casos avançados, o único tratamento eficaz para catarata senil é a cirurgia.

5. Catarata subcapsular posterior e anterior

A catarata subcapsular se diferencia pelo local de desenvolvimento na cápsula do cristalino, podendo ser classificada em dois tipos: posterior e anterior.

A catarata subcapsular posterior, localizada na frente da cápsula posterior, está associada a pacientes que recebem tratamentos sistêmicos, principalmente com o uso de corticoides.

Já a catarata subcapsular anterior, localizada atrás da cápsula anterior, está relacionada à exposição contínua do paciente a atividades de risco, especialmente aquelas que envolvem altas temperaturas.

Portanto, a catarata subcapsular pode ser resultado de uma catarata secundária, causada por fatores como doenças crônicas e atividades de risco. Devido a essas características, esse problema ocular pode ser identificado até mesmo em pacientes jovens e está associado a sintomas como dificuldade de enxergar objetos de perto e percepção de pequenos focos luminosos (brilho na visão).

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6. Catarata nuclear

A catarata nuclear é uma doença caracterizada pela opacificação do núcleo (centro) do cristalino. Isso provoca a perda da sua transparência, levando o paciente a desenvolver sintomas como perda da visão à distância e visão turva.

A coloração amarela na região da pupila é considerada um sinal diagnóstico da doença. Outra particularidade desse problema é que pacientes com esse tipo podem apresentar uma melhora da visão de perto nos estágios iniciais da doença. 

Isso ocorre por conta das mudanças no índice de refração da lente geradas pela catarata nuclear. Assim como nos demais casos, o tratamento desse tipo exige a realização de procedimento cirúrgico.

7. Catarata cortical

A catarata cortical é uma doença que ocorre no córtex do cristalino. Nos estágios iniciais, a opacificação do cristalino manifesta-se como estrias esbranquiçadas no formato de cunha. 

Com o tempo, essas estrias crescem e avançam em direção ao núcleo ocular, dificultando a entrada de luz na região. 

Caso o córtex seja totalmente comprometido, esse tipo de catarata pode causar a perda da visão. Vale lembrar que essa doença é mais comum em mulheres e pacientes diabéticos.

8. Catarata Diabética

A catarata diabética causa a turvação do cristalino do olho, levando a sintomas como visão embaçada, dificuldade para enxergar à noite, sensibilidade à luz e mudanças frequentes na prescrição de óculos. 

Esta condição se desenvolve devido aos altos níveis de açúcar no sangue, que causam acúmulo de sorbitol e estresse oxidativo no cristalino, resultando na sua opacificação. 

O tratamento principal para a catarata diabética é a cirurgia, na qual o cristalino turvo é removido e substituído por uma lente artificial. Também é importante manter um bom controle do diabetes, com monitoramento regular da glicemia, dieta saudável, exercícios e medicação adequada, para prevenir complicações e melhorar os resultados do tratamento.

A prevenção inclui controle glicêmico rigoroso, exames oftalmológicos regulares e uso de óculos de sol para proteger os olhos da luz.

9. Catarata incipiente

A catarata incipiente é o estágio inicial da catarata, quando o cristalino do olho começa a mostrar sinais de opacificação, mas a visão ainda não está significativamente afetada. Nesse estágio, os sintomas são sutis e incluem visão levemente embaçada, aumento da sensibilidade à luz e possível dificuldade em enxergar detalhes finos. Algumas pessoas notam uma leve alteração na percepção das cores, que parecem menos vibrantes.

O tratamento não é imediato, uma vez que a visão não está gravemente comprometida. No entanto, é importante monitorar a progressão da catarata por meio de exames oftalmológicos regulares. 

Mudanças no estilo de vida, como usar óculos de sol para proteger os olhos da luz ultravioleta e consumir alimentos que melhoram a visão, ajudam a retardar a progressão da catarata. Quando ela começa a interferir na qualidade de vida, a cirurgia para remoção e substituição do cristalino turvo por uma lente artificial será considerada.

10. Catarata medicamentosa

A catarata medicamentosa se desenvolve como efeito colateral do uso prolongado de certos medicamentos, especialmente corticosteroides, além de algumas drogas para tratar glaucoma e medicamentos psiquiátricos. 

Os sintomas incluem visão embaçada, dificuldade para enxergar à noite, sensibilidade à luz, visão de halos ao redor das luzes e percepção de cores desbotadas.

O tratamento da catarata medicamentosa envolve a revisão dos medicamentos em uso e, quando necessário, cirurgia para remover o cristalino opacificado e substituí-lo por uma lente artificial. 

A prevenção requer o uso prudente de medicamentos que causam catarata, realização de exames oftalmológicos regulares e comunicação com o médico sobre quaisquer alterações na visão.

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Como é feito o diagnóstico da doença?

O diagnóstico da catarata deve ser feito pelo oftalmologista, profissional capacitado para identificar os diferentes tipos da doença e prescrever o tratamento adequado para a condição do paciente. 

Para isso, o médico realiza testes oftalmológicos e analisa o histórico familiar do paciente, considerando a predisposição genética como um importante fator de risco para o desenvolvimento da doença. Abaixo estão alguns dos principais exames utilizados para diagnosticar os diferentes tipos de catarata.

Teste de acuidade visual

O exame de acuidade visual é popularmente conhecido como exame de vista. Neste teste, o médico posiciona o paciente diante de um diagrama com letras, números e formas em diferentes escalas para verificar se há alguma perda de visão em algum dos olhos. 

Assim, é possível avaliar a capacidade de cada olho enxergar formas e objetos com nitidez, medindo sua capacidade funcional de visão.

Exame da lâmpada de fenda

O exame de biomicroscopia, também conhecido como exame em lâmpada de fenda, consiste no uso de um equipamento capaz de emitir um feixe de luz fino e intenso sobre o olho do paciente. 

O objetivo deste exame é analisar a integridade das estruturas frontais dos olhos do paciente, como córnea, íris e cristalino. Assim, é possível identificar quaisquer anormalidades ou indicações de problemas oculares que exijam maiores cuidados.

Mapeamento da retina

O exame de mapeamento de retina, conhecido como “exame do fundo do olho”, é um procedimento em que o oftalmologista analisa o fundo do olho e o cristalino com o auxílio de um aparelho chamado oftalmoscópio. 

Esse aparelho emite um feixe de luz nos olhos, permitindo que o médico identifique sinais de doenças oculares, incluindo a catarata. Para realizar esse teste, a pupila do paciente é dilatada com um colírio especial, o que facilita a análise das estruturas oculares.

Teste do reflexo vermelho

O teste do reflexo vermelho é um exame realizado nos recém-nascidos em todas as maternidades do país. Também conhecido como teste do olhinho, sua realização é obrigatória para permitir o diagnóstico da catarata congênita na primeira semana de vida do bebê. 

Trata-se de um procedimento simples e indolor, em que o médico emite um feixe de luz nos olhos da criança para buscar sintomas que possam indicar a presença de catarata. Quando o reflexo dessa luz apresenta cor avermelhada ou alaranjada, significa que as estruturas oculares do bebê estão bem preservadas. Caso contrário, é necessário realizar outros exames.

Quais os tratamentos indicados para cada tipo de catarata?

A cirurgia de catarata é o tratamento mais eficaz para todas as variações da doença. No entanto, dependendo do estágio do problema ocular e da idade do paciente, o oftalmologista pode recomendar medidas para retardar o avanço da doença ou aliviar seus sintomas. 

É o caso de crianças com catarata congênita ou catarata traumática, que podem utilizar colírios específicos e até acessórios como óculos de sol para proteger sua visão. Mesmo assim, a cirurgia deve ser realizada antes que a doença atinja estágios avançados que possam prejudicar a qualidade de vida do paciente.

O que leva uma pessoa a ter catarata?

Os fatores seguintes contribuem para diferentes tipos de catarata e podem agir de forma independente ou combinada. Confira:

  • Envelhecimento natural;
  • Histórico familiar de catarata;
  • Diabetes;
  • Uso prolongado de corticosteroides;
  • Exposição excessiva à luz ultravioleta (UV);
  • Tabagismo;
  • Consumo excessivo de álcool;
  • Lesões oculares anteriores;
  • Inflamações oculares (como uveíte);
  • Radiação;
  • Certas cirurgias oculares anteriores;
  • Deficiências nutricionais, especialmente antioxidantes;
  • Altos níveis de miopia.

Como prevenir o desenvolvimento da catarata? 

Não existem medidas preventivas capazes de evitar totalmente o desenvolvimento da doença. Afinal, fatores genéticos, o processo natural do envelhecimento e até outras doenças crônicas podem contribuir para o surgimento da catarata. 

Apesar disso, com alguns cuidados simples, é possível evitar complicações e retardar o desenvolvimento da doença, contribuindo para a prevenção da catarata em estágios iniciais. 

Vale lembrar que a consulta ao médico oftalmologista é fundamental para acompanhar a saúde ocular e realizar exames preventivos. Dessa forma, é possível diagnosticar a catarata de forma precoce e iniciar o tratamento o mais rápido possível. Independentemente do tipo de catarata, lembre-se de que o diagnóstico precoce é a melhor forma de lidar com essa doença.

Vimos até aqui que a catarata é uma condição ocular que afeta pessoas de todas as idades e é causada por uma variedade de fatores, incluindo genética, envelhecimento, traumas oculares, uso prolongado de certos medicamentos e doenças crônicas como diabetes. 

Com sintomas que vão desde visão embaçada até perda significativa da visão, é necessário reconhecer os sinais e buscar diagnóstico e tratamento precoces. Nesse sentido, a cirurgia de catarata é altamente eficaz e segura, restaurando a visão e melhorando a qualidade de vida dos pacientes.

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Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.
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