Uveíte: saiba o que é, sintomas e tratamentos disponíveis

Imagem de uma mulher com dor nos olhos enquanto estuda

A uveíte é uma inflamação ocular caracterizada que afeta o trato uveal, causando sintomas como dor nos olhos, irritação e visão embaçada. Saiba mais sobre essa doença!

Dor nos olhos, visão embaçada e sensibilidade à luz. Esses são sintomas comuns de vários problemas oculares, inclusive os famosos erros de refração, como miopia e astigmatismo. No entanto, esses sinais também podem indicar uma condição mais grave: a uveíte. 

A uveíte é uma doença ocular que pode ser causada por diversos fatores, incluindo doenças autoimunes e infecciosas. Caso não seja tratada da forma adequada, a pessoa pode desenvolver complicações que colocam em risco sua saúde ocular, autonomia e qualidade de vida do paciente. 

Para se ter uma ideia da sua gravidade, pesquisas apontam que a uveíte é responsável por quase 10% dos casos de deficiência visual em países ocidentais. Além disso, cerca de 35% das pessoas diagnosticadas com esse problema relatam baixa visão ou cegueira.

Felizmente, essas complicações podem ser evitadas com o diagnóstico precoce da doença e o início do tratamento adequado o mais rápido possível. 

Neste artigo, explicaremos as características dessa doença, suas causas e sintomas, bem como a importância da sua identificação e tratamento correto. Boa leitura!

O que é uveíte?

A uveíte é inflamação que impacta as estruturas da úvea, conhecida como trato uveal, que constitui a camada interna de revestimento do olho. Esta camada é composta pela íris, corpo ciliar e coroide. Em certos casos, a inflamação também pode se estender ao nervo óptico e à retina.

O tempo de evolução da doença e como ela se manifesta permite que a uveíte seja classificada em dois tipos: aguda e crônica. A uveíte aguda se manifesta rapidamente, em um curto período após a pessoa ter contato ou manifestar a causa do problema. 

Já a uveíte crônica se diferencia por ser uma inflamação persistente, que pode retornar mesmo após a conclusão do tratamento. Nos dois casos, o problema pode afetar um ou ambos os olhos. 

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Tipos de uveíte

Além de ser categorizada quanto a sua evolução e manifestação, a uveíte também pode ser classificada em função da área específica da úvea que está inflamada. 

Por conta dessa classificação, que é a mais comum, existem pelo menos quatro tipos de uveítes. 

Entenda quais são e as diferenças entre elas a seguir:

  1. Uveíte anterior

Este tipo de uveíte ocorre quando a inflamação ocorre na parte da frente do trato uveal. Essa parte compreende principalmente a íris e a parte anterior do olho. 

Quando a inflamação ocorre apenas na íris, essa condição também passa a ser chamada de irite. Por outro lado, quando apenas a íris e o corpo ciliar ficam inflamados, essa inflamação pode ser chamada de iridociclite.

  1. Uveíte intermediária

Nesse caso, a inflamação ocorre principalmente na região intermediária do olho, ou seja, do meio do trato uveal. Essa região está localizada na cavidade vítrea e/ou no local da pars plana, estrutura que faz parte do corpo ciliar. 

  1. Uveíte posterior

A uveíte posterior ocorre quando a coroide, retina ou disco óptico ficam inflamados. Quando a inflamação atinge apenas a coroide, camada vascular localizada próxima à retina, essa condição recebe o nome de coroidite. E quando ela afeta apenas a retina, pode ser chamada de retinite.

  1. Panuveíte

A panuveíte ocorre quando a inflamação afeta todas as partes da úvea, ou seja, ela envolve todas as estruturas comprometidas pelos tipos anteriores.

Quais os principais sintomas de uveíte? 

Os sintomas da uveíte variam de acordo com a área do trato uveal afetada. A uveíte anterior normalmente gera mais sintomas, especialmente quando se manifesta de forma aguda. 

Nesse caso, a pessoa pode apresentar dor nos olhos, aumento da sensibilidade à luz (fotofobia), olhos vermelhos, irritação ocular e visão embaçada.

Já a uveíte intermediária normalmente não provoca dor. Por outro lado, ela pode causar o desenvolvimento de sinais como moscas volantes e diminuição da visão.

No caso da uveíte posterior, a pessoa pode apresentar vários sintomas. Além das moscas volantes e da redução da acuidade visual, o paciente pode desenvolver edema de disco óptico, lesões na retina ou coroide, entre outros problemas.

Por fim, a panuveíte pode produzir qualquer um dos sinais e sintomas descritos anteriormente, inclusive todos eles juntos. Afinal, nesse caso, a inflamação afeta toda a úvea.

O que causa essa inflamação ocular?

Normalmente, a causa da inflamação do trato uveal é desconhecida. Nesses casos, o problema pode ser chamado de uveíte idiopática. Mesmo assim, é fundamental investigar as causas do desenvolvimento dessa condição ocular. 

Afinal, os especialistas já sabem que a uveíte pode ser uma consequência de outros problemas de saúde, como doenças inflamatórias e infecções. 

Vale lembrar que a uveíte não é uma doença contagiosa, mesmo quando a sua causa está relacionada a infecções causadas por vírus e bactérias.

Confira abaixo alguns exemplos de condições que podem causar a inflamação da úvea.

Doenças inflamatórias que afetam o sistema imune

  • Esclerose múltipla;
  • Síndrome de Behçet;
  • Artrite idiopática juvenil;
  • Artrite reativa; 
  • Sarcoidose;
  • Doença de Crohn.

Infecções disseminadas

  • Tuberculose;
  • Sífilis;
  • Doença de Lyme.

Infecções oculares

  • Herpes;
  • Toxoplasmose; 
  • Citomegalovírus.

Outras causas

  • Trauma ocular;
  • Entrada de corpos estranhas no olho;
  • Leucemias;
  • Linfomas.

Como é feito o diagnóstico da uveíte?

O diagnóstico da uveíte deve ser feito por um médico oftalmologista, já que é preciso realizar vários exames para identificar o que está prejudicando a saúde ocular do paciente. 

Para isso, o médico deve fazer uma avaliação oftalmológica completa da pessoa, que inclui desde o levantamento dos sintomas e histórico de saúde da pessoa, até a realização de exames físicos e laboratoriais. 

Os exames físicos consistem em testes que permitem a análise da estrutura e função do globo ocular, tais como exame de acuidade visual, exame do fundo do olho (fundoscopia), teste de pressão intraocular (tonometria) e teste de lâmpada de fenda (biomicroscopia).

Dependendo do quadro do paciente, o médico também pode solicitar a realização de exames laboratoriais para investigar as causas da doença, como exames de sangue e de imagem.

Baseado nos resultados dessa avaliação, o oftalmologista será capaz de fazer o diagnóstico da uveíte e determinar o tipo específico da doença e a causa subjacente. 

Somente após concluir essa identificação, ele poderá definir um plano de tratamento apropriado para tratar o problema e prevenir complicações oculares graves associadas à uveíte.

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Como tratar a uveíte?

O tratamento da uveíte depende do tipo, da gravidade e da causa da inflamação ocular. Portanto, ele varia de acordo com o diagnóstico do paciente. 

Normalmente, esse tratamento envolve uma combinação de medidas para controlar a inflamação, aliviar os sintomas e prevenir complicações.

Dependendo do caso, o médico pode prescrever colírios contendo corticosteroides ou agentes anti-inflamatórios para reduzir a inflamação dentro do olho. 

Caso o problema seja causado por uma doença autoimune, o médico pode prescrever medicamentos sistêmicos, como corticosteroides orais e imunossupressores para controlar a inflamação em todo o corpo. 

Já no caso de infecções, pode ser necessário o uso de antibióticos, antivirais e antifúngicos específicos.

Seja qual for a causa e a complexidade do caso, o paciente precisa fazer um acompanhamento oftalmológico regular para avaliar a resposta ao tratamento, fazer ajustes conforme necessário e monitorar possíveis complicações.

Seguir as instruções do oftalmologista e comparecer a todas as consultas de acompanhamento é fundamental para garantir bons resultados e prevenir o agravamento da doença. 

Vale lembrar que o diagnóstico e o tratamento precoce e adequado da uveíte é essencial para preservar a visão e prevenir danos oculares permanentes. 

Caso não seja tratada corretamente, a uveíte pode causar complicações oculares graves, comprometendo a saúde ocular e a capacidade visual da pessoa. Essas complicações incluem glaucoma, catarata, edema macular, descolamento da retina, entre outros problemas. 

Nesses casos, a cirurgia de catarata pode ser necessária para restaurar a visão comprometida e melhorar a qualidade de vida do paciente. 

E fazer consultas regulares ao oftalmologista é a melhor estratégia para cuidar da saúde ocular e evitar essas complicações que podem prejudicar sua visão e qualidade de vida.

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Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.

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