Catarata Medicamentosa: o que é e principais sintomas

Imagem de uma médica examinando o olho de uma paciente

A catarata medicamentosa surge como resultado do uso prolongado de medicamentos com potencial agressivo para os olhos. Certas categorias, como corticosteroides, aumentam o risco de desenvolvimento da condição. Saiba mais!

A saúde ocular é de extrema importância para a qualidade de vida, e condições como a catarata medicamentosa representam desafios significativos para pacientes em tratamento de diversas condições médicas. Neste contexto, é essencial compreender não apenas os sintomas e causas dessa condição, mas também os métodos de prevenção e tratamento disponíveis. 

Para isso, nosso guia explicará detalhadamente o que é a catarata provocada por drogas farmacêuticas, seus principais sintomas e métodos de diagnóstico. Além disso, discutirá estratégias para evitar essa condição e as opções de tratamento disponíveis. Confira!

O que é catarata medicamentosa?

A catarata medicamentosa é uma condição na qual o uso prolongado de certos medicamentos leva ao desenvolvimento da doença de catarata, que é uma turvação do cristalino do olho. 

O cristalino é uma parte do olho que ajuda a focar a luz, permitindo que você veja claramente. Assim, quando o cristalino fica turvo, a visão se torna embaçada ou distorcida, comprometendo a qualidade de vida do paciente e exigindo intervenção médica.

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Principais causas da doença

As principais causas de catarata medicamentosa estão relacionadas ao uso prolongado de medicamentos, idade, histórico familiar e condições médicas subjacentes. Entre os principais medicamentos que desencadeiam esse tipo de catarata, temos:

Corticosteroides

O uso prolongado de corticosteroides como prednisona, dexametasona e prednisolona, tanto em forma de comprimidos quanto em forma de colírio para os olhos, aumenta o risco de desenvolver catarata. 

Esses medicamentos são prescritos para tratar inflamações em várias partes do corpo, incluindo os olhos. Infelizmente, seu uso frequente causa alterações nas células do cristalino.

Medicamentos para pressão alta

Alguns medicamentos usados para tratar a pressão alta, como os beta-bloqueadores, aumentam o risco de catarata medicamentosa. Isso porque eles interferem no equilíbrio dos fluidos dentro do olho, levando ao acúmulo de substâncias que contribuem para a formação de catarata.

Medicamentos psiquiátricos

Alguns fármacos, usados para tratar condições mentais, como antipsicóticos e antidepressivos, foram associados a um aumento do risco de catarata. O mecanismo exato pelo qual esses medicamentos contribuem para a formação de catarata ainda não é completamente compreendido, mas está relacionado às alterações nas células do cristalino.

Os antipsicóticos mais comuns a desencadearem a doença são a clorpromazina e a olanzapina, já os antidepressivos, em particular, são aqueles de caráter tricíclico, como a amitriptilina e a imipramina.

Medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)

Embora os AINEs não sejam diretamente associados à catarata medicamentosa, o uso prolongado e em altas doses desses medicamentos aumenta ligeiramente o risco de desenvolver catarata. Isso ocorre devido ao seu potencial para causar inflamação nos olhos e afetar a saúde do cristalino ao longo do tempo.

Beta-bloqueadores oftálmicos

Os beta-bloqueadores oftálmicos são drogas usadas para tratar condições oculares como glaucoma. Eles reduzem a pressão intraocular, o que é importante para prevenir danos ao nervo óptico.

A catarata medicamentosa é um efeito colateral raro, mas possível, desses medicamentos. Principalmente para pacientes que usam timolol, fármaco frequentemente usado no tratamento do glaucoma. Além disso, alguns remédios para pressão arterial, como os beta-bloqueadores sistêmicos, aumentam o risco de catarata por medicamentos.

Medicamentos imunossupressores

Imunossupressores são usados para enfraquecer o sistema imunológico em transplantes, para evitar a rejeição do órgão transplantado; em doenças autoimunes, para reduzir a resposta imune hiperativa, e em algumas condições inflamatórias e cânceres, para controlar a inflamação e permitir o tratamento. No entanto, seu uso aumenta o risco de infecções.

Certos medicamentos usados para suprimir o sistema imunológico, como o metotrexato e a ciclosporina, elevam o risco de catarata, quando utilizados a longo prazo.

Quimioterapia

A quimioterapia é um tratamento poderoso contra o câncer, mas também pode afetar outros tecidos saudáveis do corpo, além das células cancerosas. Isso porque alguns tipos de quimioterapia causam danos oxidativos, gerando radicais livres no corpo que danificam as células, incluindo as do olho.

O cristalino é a lente natural do olho que permite o foco da luz na retina e ela é sensível a danos oxidativos. Desse modo, quando o cristalino é exposto a altos níveis de radicais livres devido à quimioterapia, ele pode desenvolver a catarata.

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Sintomas

Os principais sintomas de catarata medicamentosa incluem:

  • Visão embaçada ou turva;
  • Dificuldade em enxergar em condições de pouca luz, o que dificulta distinguir objetos;
  • Alterações na percepção das cores que as fazem parecer desbotadas ou menos vibrantes do que o normal;
  • Halos ao redor das luzes, especialmente à noite.
  • Visão dupla em um olho, se a catarata afetar apenas num deles;
  • Dificuldade em ler ou realizar atividades cotidianas.

Como é feito o diagnóstico da catarata medicamentosa?

O oftalmologista inicia o diagnóstico fazendo perguntas sobre o histórico médico do paciente, incluindo quais medicamentos foram usados ​​e por quanto tempo. Em seguida, ele faz um exame detalhado dos olhos para verificar a presença de catarata. Isso inclui o uso de um oftalmoscópio para examinar o cristalino, a lente natural do olho.

Nestes momentos, também são realizados testes de acuidade visual, para avaliar a nitidez da visão do paciente, além de testes de sensibilidade a contrastes, que ajudam a detectar mudanças na visão causadas pela doença.

Dependendo da gravidade dos sintomas e da suspeita de catarata, o médico solicitará exames adicionais de imagem, como a ultrassonografia ocular, para avaliar o cristalino e outras estruturas oculares com mais detalhes.

Como evitar?

A prevenção da catarata medicamentosa envolve, principalmente, a conscientização sobre os medicamentos que aumentam o risco de desenvolver essa condição e seguir as orientações médicas cuidadosamente. 

Os oftalmologistas podem prescrever a menor dose eficaz e monitorar de perto os efeitos colaterais. Se possível, eles limitam a duração do uso do medicamento que aumenta o risco de catarata.

Para garantir que tudo está bem, o paciente deve fazer exames oftalmológicos regulares, especialmente se estiver usando medicamentos conhecidos por desencadear a condição. Isso permite que o oftalmologista detecte precocemente quaisquer sinais de alerta.

Em paralelo, manter um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta rica em antioxidantes (frutas, vegetais, etc.), praticar exercícios físicos regulares e evitar o tabagismo, são ações que protegem contra o desenvolvimento de catarata em geral.

Para intensificar os cuidados, o paciente pode utilizar óculos de sol que garantam proteção contra os raios ultravioleta (UV) durante suas atividades ao ar livre. Além disso, é essencial comunicar ao médico todos os medicamentos em uso, abrangendo tanto as prescrições quanto os suplementos, para possibilitar um monitoramento conjunto e eventuais ajustes na terapia, conforme demandado.

Tratamento 

O tratamento para catarata medicamentosa envolve diferentes abordagens, que consideram a gravidade dos sintomas e a necessidade de continuar usando o medicamento que está contribuindo para o desenvolvimento da catarata.  Assim, os métodos mais comuns, incluem:

  • Descontinuação do medicamento causador: em muitos casos, descontinuar o uso do medicamento que está contribuindo para o desenvolvimento da catarata previne a progressão da doença. No entanto, isso nem sempre é possível, especialmente se ele for necessário para o tratamento de uma condição médica subjacente.
  • Monitoramento regular: caso não seja possível interromper o uso do medicamento, é importante realizar um monitoramento oftalmológico regular para detectar qualquer progressão da catarata e ajustar o tratamento, conforme necessário.
  • Cirurgia de catarata: quando a catarata medicamentosa progride e afeta significativamente a visão e a qualidade de vida do paciente, a cirurgia de catarata é recomendada. Durante a cirurgia, o cristalino opacificado é removido e substituído por uma lente artificial. Felizmente, esse é um procedimento seguro e eficaz, realizado em regime ambulatorial.
  • Uso de lentes de contato ou óculos: em determinados casos, o uso de lentes de contato ou óculos ajudam a melhorar a visão, enquanto a catarata é monitorada ou se espera pela cirurgia.
  • Tratamento de condições subjacentes: se a catarata medicamentosa estiver associada a inflamação ocular, glaucoma ou doenças autoimunes, o tratamento adequado dessas condições adicionais pode ser necessário, para controlar os sintomas e prevenir complicações a mais.

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Os riscos e complicações 

Caso o paciente chegue a um estágio grave e não realize a cirurgia de catarata medicamentosa e os tratamentos paliativos, ele pode lidar com complicações e riscos graves, como:

  • Redução significativa na acuidade visual, dificultando as atividades diárias, como ler, dirigir e reconhecer rostos.
  • Comprometimento da qualidade de vida, com o estresse emocional, isolamento social e diminuição da independência causados pelos problemas de visão.
  • Aumento do risco de quedas e lesões, especialmente em idosos.
  • Complicações oculares adicionais, como glaucoma ou inflamação ocular (uveíte).
  • Custos financeiros: o tratamento da catarata medicamentosa, incluindo consultas médicas, exames e, potencialmente, cirurgia de catarata, resultam em custos financeiros significativos para o paciente e sua família.

Ao analisarmos o que foi visto até aqui, entendemos que a catarata medicamentosa é uma condição ocular que surge como resultado do uso prolongado de medicamentos que afetam a saúde do cristalino. 

A conscientização sobre os medicamentos que aumentam o risco dessa condição, juntamente com um monitoramento oftalmológico regular, são fundamentais na prevenção e detecção precoce. 

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Dr. Ricardo Filippo

Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. Durante sua vida acadêmica, participou de dezenas de congressos e simpósios, no Brasil e no exterior, e ministrou diversas aulas sobre Oftalmologia. Dr. Ricardo Filippo é especialista em oftalmologia e produz conteúdos sobre saúde ocular.
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